terça-feira, 2 de julho de 2013

Uma Seleção Brasileira, finalmente.

Passadas a euforia popular e erudita sobre a atuação da Seleção Brasileira frente a poderosa Esquadra Espanhola, apaziguadas todas as sensações inebriantes de invencibilidade e superpoderes, agora sim, podemos identificar o que de positivo aconteceu à Seleção Brasileira neste um mês de Copa das Confederações. De antemão deixo claro que a impressão que tive independe do resultado da última partida.O Brasil enfrentou o melhor time do mundo. Uma Seleção Espanhola que, ao meu ver, se enfrentasse esta Seleção Brasileira 10 vezes em campo neutro venceria uns seis, sete ou oito embates. Mas esse fato também não desmerece o que de importante aconteceu na nova Família Scolari.
Taticamente, tecnicamente, enfim, as evoluções foram estupendas e inimagináveis à um mês e um dia do início da competição. Entretanto, a maior conquista da Seleção Brasileira no meu entendimento é que agora o Povo Brasileiro, dono, promovedor, incentivador e cobrador desta instituição agora pode dizer ao mundo e a todo mundo que sim, nós temos uma Seleção Brasileira. 
Júlio César, Daniel Alves, Thiago Silva, Davi Luíz e Marcelo; Luís Gustavo, Paulinho e Oscar; Hulk, Fred e Neymar. Um 4-3-3 na hora de infernizar que se transforma num 4-4-1-1 na hora de marcar para ninguém colocar descrédito. Digo que temos uma Seleção Brasileira porque escalei este time no ritmo acelerado de meu dedilhar nessas duras teclas de meu velho teclado. Digo que temos uma Seleção Brasileira porque novidades que, alias, graças a Deus sempre surgem de um ano para o outro no futebol tupiniquim, terão de cortar um dobrado enorme para conseguir uma vaguinha nesse Escrete. Não adianta a imprensa bairrista pedir, não adianta cariocas, paulistas, mineiros ou gaúchos chorarem pelos seus, esta é a Seleção Brasileira que nos representará em 2014. E, sim, aprovada não apenas por mim, mas por seus donos, por seus promotores, por seus incentivadores, pela Torcida Brasileira. Claro que a atuação contra os espanhóis influenciaram sensivelmente nessa sensação, mas não se pode desprezar o que foi feito antes.

Inglaterra, França, Japão, México, Itália, Uruguay e Espanha, todos sucumbiram e nos ajudaram a criarmos em nós mesmos essa sensação deliciosa e saudosa de poder. Sim, quem não experimentou novamente, logo após a vitória contra a Espanha, aquela sensação que nos envolvia em 1982, 81, 80... Delícia não é mesmo?          Mas, por favor, devagar com o andor. Temos uma Seleção Brasileira que venceu a melhor Seleção do Mundo, mas ainda nos falta muito para tomarmos dessa seleção o lugar de melhores do mundo. Lugar este que era nosso e nosso foi por muito tempo. 
Felipão chegou para apagar incêndios, e acabou dando um toque especial no que sobrou do rescaldo. A feia Seleção da CBF, de Mano Menezes, ganhou uma arquitetura linda, retrô, voltando a mostrar as belas curvas que nossos decotes insinuantes e maravilhosos mostravam ao mundo que nos admirava como se fôssemos deuses. O Brasil está de cara nova, digo, velha.
As peças foram encaixadas, o esquema foi entendido (nem todo ainda), o sentimento foi absorvido e a Seleção está aí, com a cara de Felipe Scolari e o corpo de todos os nossos desejos. Fico apenas preocupado com a falta de competitividade que pode acometer este time que a partir de agora apenas disputará partidas amistosas. Tenho medo, muito medo de que isso possa fazer com que os jogadores esqueçam do Hino cantado à capela e da vontade com a qual partiram para cima dos pobres espanhóis. Que todos se unam para que a vontade de ser e ter a Seleção Brasileira de nossos corações não pereça.

O Jogo
Júlio César ganha a confiança que havia perdido com o tempo. Confiança dele mesmo, nele mesmo. O torcedor jamais desconfiou de Júlio - a imprensa que quer este e aquele outro goleiro sim, desconfiaram, nós, acho que não. Davi Luís fez sua melhor partida na vida. Jogou como Thiago Silva. Thiago Silva, também jogou como Thiago Silva, um monstro. Tomava a bola dos atacantes espanhóis como se toma pirulito de criança. Marcelo e Daniel Alves não comprometeram e mantiveram o nível no alto. Luís Gustavo... não gostei do modo como começou a bater nos adversários, mas aos poucos foi esquecendo a violência truculenta e passou a acompanhar Paulinho com a categoria que possui. Paulinho... Joga muito! Oscar tomou a "10" para si. Sim, Neymar tomou o número, Oscar a função. Um excelente "10"! Ainda carrega um pouco a bola, mas possui a visão de jogo dos craques que vestiram o Manto Verde e Amarelo. Hulk. Hulk mostrou que não é apenas uma bundinha bonita da telinha da TV. Perigoso, taticamente é perfeito. Marca, toda, tabela e possui um canhão que permanece sempre de prontidão esperando a oportunidade para desferir seus tiros mortais. Botou Lucas no banco sim! O nosso centro-avante... Não é um Reinaldo. Não é um Romário e nem um Careca, longe disso. Mas está longe de ser um Serginho Chulapa ou um Graffite. Fred pode ficar tranquilo que não existe quem o ameace por aqui e nem na Europa. Damião e Jô lhe são ótimos reservas. A "9" também tem dono. O atacante Tricolor surpreendeu as defesa espanhola. Marcou-os e marcou seus gols com gana e categoria. O ataque brasileiro jogou como jogava até então o ataque espanhol. 
Neymar é Neymar. O garoto está deixando seu nome se transformar num adjetivo. Calma lá bando de Reis do Oba-oba. Neymar ainda anda caindo e simulando muito e isso me preocupa, pois estou ansioso para sentir aquele orgulho que sentimos quando um jogador brasileiro vai bem no exterior. Torço por ele, mas esse cai-cai está irritando.Certamente, logo após o "seja bem-vindo", Neymar será chamado à atenção por seus companheiros de Barcelona quanto a esta mania de cair e simular faltas. Os europeus não gostam disso e ele precisa ter isso bem esclarecido antes da primeira partida. Mas Neymar, entre um cai e o outro jogou muito contra os espanhóis; Fez gol, deixou Fred na cara do gol e ajudou na marcação fundamental para que o meio campo de La Roja não iniciasse o pensamento. Gostei.
O Brasil mereceu todos os elogios que recebeu. Uma vitória marcante que não pode encobrir outras sensações sobre a Seleção de extrema importância.Normalmente comentários como este antecedem críticas sobre situações ruins que não devem ser mascaradas por atuações extemporâneas. Não é o caso aqui. Não podemos justamente esquecer que esta atuação foi o ápice de uma crescente que a Seleção Brasileira implantou e desenvolveu em si mesma. Há um legado conquistado nessa Copa das Confederações. Pudemos visualizar o caminho. Agora basta segui-lo. Segui-lo com os pés no chão decantados em cada entrevista pós apoteose. Este Brasil nos encherá de orgulho em 2014. Tomara.

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