terça-feira, 6 de maio de 2014

Vergonhas de um país sem vergonha

O Vergonhão 2014 segue sem nos dizer nada.

O Flamengo goleando o Palmeiras, o Galo perdendo em casa para um Goiás sem 7 jogadores de sua simpatizante campanha em 2013. O Corinthians e suas estrelas suando o quilo certo para vencer a Chapecoense... Enfim, são poucas as demonstrações de quem é ou será quem no Vergonhão/14. 

Assisti a pedaços dos jogos do Galo e do Corinthians. Um Galo desorganizado perdeu de um frágil Goiás em seu território mais temido, o Horto, onde antigamente quem por lá caía já o fazia morto. Pois o Galo não matou e morreu em seu próprio alçapão. Alçapão este que ferveu no sentido contrário, em mistura de vaias e palavrões gritados na direção daqueles que suavam a camisa alvinegra. Ainda resquícios da eliminação para o Raja, ou para o Atlético Nacional da Colômbia? Fico com a segunda opção. O Galo estava aguerrido mas desorientado.

Engraçado como o futebol te prepara surpresas. Não, não estou me referindo ao que acontece dentro das quatro linhas ou nos bastidores mais diretos, como nas ações e omissões das diversas diretorias. Ou estou?
Preparava-me para ir ou não ao Maracanã ontem. De cônjuge e tudo! Tudo certo em nossas mentes, em nossos corações. A vontade estava latejando. Um almoço ao meio-dia e... partiu! Mas aí a curiosidade me pegou e, influenciado pelas atitudes e omissões da diretoria pé-no-chão do Mengão, resolvi verificar o valor do ingressos para este imprevisível Flamengo x Palmeiras. 60 reais... 60 reais?!!! É ruim hein!! Disse eu a minha própria mente em voz alta para que minha companhia pudesse ouvir. Estão malucos!! 60 reais nem com a certeza de uma goleada convincente! Desisti. Desistimos.
Após o almoço minha mente e meu coração mais uma vez nos convidaram.. Vamos? Então, vamos!?! Não, melhor não... Essa eu mesmo respondi. E o jogo começou num PPV já pago que encareceria ainda mais o ingresso.
Com cinco minutos de partida meu ar de sabichão soberano tomou conta do recinto - mais precisamente, meu quarto.

- Não disse!? Gastar 200 reais para assistir a isso!? Jamé!

O Flamengo entrou totalmente desalinhado, ou melhor, alinhado aos equívocos da escalação de Jayme de Almeida. Luiz Antônio, improvisado de lateral direito, fez questão de cumprir à risca o seu papel, o de lateral direito improvisado. Perdidinho! André Santos, do outro lado, fazia o seu papel de lateral-avenida. E o Palmeiras foi criando em comunhão a esses dois um inferno gigantesco que terminaria por explodir a pseudo-eficiência  da zaga rubro-negra formadas pelos excelentes Wallace e Samir. Valdívia brincava nas costas e por entre os laterais e os meio-campistas do Mengão. Valdívia e Wesley.
Jayme escalou três atacantes que atacam e não marcam ninguém mas, esqueceu-se o pacato treinador rubro-negro de combinar este seu equívoco com os jogadores adversários. Aliás, a facilidade era tanta que parecia algo combinado. O Verdão brincou durante o primeiro tempo no qual saiu vencedor.
E lá estávamos eu, meu olhar soberano e minha mulher, atônitos e zangados depositando nosso fiapo de alegria na tristeza de não termos ido ao jogo. Mas, Jayme "desequivocou-se". O Flamengo voltou diferente. Mugni entrou no lugar desorientado Nixos e o Flamengo começou então a mandar na partida. O Palmeiras, que deve ter imaginado que apenas passaria o segundo tempo esperando o jogo terminar, se defendendo do mesmo inútil Flamengo do primeiro tempo, acabou surpreendido. O Flamengo não foi de maneira esperada e desesperada atacar o Palmeiras de qualquer jeito. O Flamengo de Jayme, mesmo ainda perdendo o jogo, esperou pelo Palmeiras e sua empáfia galante de conquistador de vitórias barato. A vitória ainda não havia sido conquistada e Márcio Araújo transformou essa sensação em números. Marcou contra o ex clube que o desprezara. Sabia que Márcio Araújo faria uma boa partida. O Flamengo continuou surpreendendo o Verdão. Luiz Antônio e André Santos, figuras que só apareceram na primeira etapa abrindo buracos na zaga do Flamengo para as investidas criativas do Palmeiras, agora ajudavam na criação das jogadas do Flamengo sem a menor preocupação com o ataque de seu adversário. O Flamengo encaixou-se e encaixou o Palmeiras em suas pretensões. O gol da virada veio rapidamente e o quarto gol logo em seguida. Apertasse mais um pouco e o Flamengo deixaria Gilson Kleina desempregado ali mesmo, naquele Maracanã vazio para um Flamengo x Palmeiras.
Um razoável arrependimento queixou-se à minha soberba e propôs a possibilidade de que se tivéssemos ido... ah se tivéssemos ido, o domingão teria sido mais divertido. Ora, não podemos contar com as surpresas de um futebol que nem sempre prega das suas a nosso favor. Há de se planejar sobre um mínimo de perspectiva, mesmo tendo o Flamengo um elenco tão limitado quanto surpreendente. Não estou arrependido. Mas... é bem provável que eu vá às forras contra o São Paulo, claro, se os preços dos ingressos permitirem e se a semana rubro-negra tiver sido boa. Quem sabe não aparecemos por lá?


Notinha de rodapé:

Discussão no Bem Amigos entre Arnaldo César Coelho e Cléber Machado.
Cléber, afinando sua opinião com o bom comentarista Caio Ribeiro, chamou a atenção para o fato de o STJD estar apitando partidas de futebol já no início do campeonato. Citaram como exemplo um jogador que cometeu pênalti no jogo entre o Palmeiras e o Criciúma, na rodada antepassada. Caio deixara escapar que o jogador foi punido pelo Tribunal após revelar à imprensa que teria cometido pênalti não marcado pelo árbitro. Thiago Alves, se não me engano, foi o jogador. Arnaldo defendeu o Tribunal dizendo que, apesar do árbitro da partida ter dado ao jogador um cartão amarelo ao jogador, mesmo não marcando a penalidade, o Tribunal deveria sim, punir o jogador e o árbitro. Cléber disse que essa intromissão soaria como um segundo apito num mesmo jogo. Arnaldo esbravejou mal-criadamente e discordou de seu colega de maneira enfática.
Num lance seguinte, mostrando uma jogada em que um atacante corinthiano arruma a bola com o braço antes de marcar o gol da vitória do Corinthians sobre a Chapecoense, Cléber questionou se o STJD não deveria punir Guerreiro, o atacante que fez o gol ilegal, se utilizando do mesmo critério utilizado pelo Tribunal para punir Thiago Alves. O bicho pegou. Arnaldo babou e a discussão terminou após um conchavo corporativista entre todos que abafaram o caso. O que o amigo de vocês fez? Troquei de canal na mesma hora.
Esse Arnaldo, a exemplo de outros tantos, pega para si as verdades criadas pela Globo, seus programas e seus apresentadores, jornalistas ou não, para difundir seu nojento corporativismo protecionista em relação as arbitragens! Chega a ser nauseante! Ora bolas, se o árbitro viu a falta e deu apenas o amarelo, como pode um tribunal mudar o juízo feito pelo responsável pela arbitragem de determinada partida?! Não pode Arnaldo. Ou melhor, se pode, que faça com todos e sempre, não apenas para beneficiar este ou aquele time. Mas... nosso Tribunal tem lá as suas preferências. Arnaldo, você não é secretário de um general da ditadura, ponha isso na cabecinha e siga com mais humildade e discernimento. Você foi muito mal nessa.

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