E a Copa do Mundo chegou ao seu
final. Uma Copa que merece diversas visões de sim mesma, visões desconexas ou
não. Prefiro as desconexas. Por quê? Ora, dou logo um exemplo que torna essa
desconexabilidade necessária: precisamos separar a Copa do Mundo no Brasil do
Brasil na Copa do Mundo. Ambas as partes separadas por diversas partes,
antagônicas, óbvias e infelizes. Preferem uma melhor primeira impressão ou um
gostinho mais refinado no final? Pois é,
como sou eu quem escolhe, vá acompanhando.
A Copa no Brasil
Um início arrebatador!
Da alemã Santa Cruz Cabrália à
holandesa Ipanema, sem esquecermos a chileno-argentina Copacabana, a Copa no
Brasil ferveu sem parar diuturnamente. Trocas de gentilezas, culturas e
bugigangas permearam encantamentos de todas as partes envolvidas nesse
entrelaçamento. Camisas, bandeiras, cocares e uma respeitável organização pra
lá, Centros de Treinamentos construídos ou reformados, ambulâncias, estradas,
escolas, arte, simpatia, boom no comércio pra cá, tudo acontecendo em meio a
festas de euforia de parte a parte. No início da Copa no Brasil já se podia
prever que a Alemanha seria quase imbatível, que a Holanda chegaria como
segunda força, que o Chile encantaria de maneira surpreendente e que a
Argentina não só faria na entrada como também na saída. Faria o quê? Ora, o que
seus atacantes fizeram diante de Manuel Neuer e seus torcedores fizeram na
praia, no Sambódromo e nos diversos lugares onde foram muito bem recebidos,
acolhidos. Todavia, poupar-me-ei de hablar sobre argentinos. Posso? Danke!
Destaques da Copa: Bastian Schweinsteiger
e Arjen Robben. Destaques da Copa! Ainda divagando sobre o início da Copa no
Brasil... Esses dois caras foram sensacionais! Logo no início de cada um deles em nossas terras um apareceu jogando frescobol
nas areias de Ipanema e o outro chapadão, de alegria, berrando o hino do Bahia.
Espetacular! Ah, e o Messi? O Messi a esta altura devia estar ensaiando seus
dribles. Não, não estamos falando de futebol ainda. Messi ensaiava os diversos
e mal educados dribles que deu nas diversas crianças que por sua atenção
procuravam antes de procurarem por seus dribles.
E a Copa
no Brasil começou esplendorosa e cativante.
O Brasil na Copa
Um início pra lá de preocupante
foi o que nos ofereceu a Seleção Brasileira logo que se defrontou com seu
primeiro desafio, a Croácia. Não fosse um pênalti mal marcado pelo árbitro a
partir de uma encenação cafajeste de nosso arremedo de centroavante e a Seleção
Brasileira poderia encaminhar um adeus talvez mais melancólico, porém menos
humilhante, logo no início do certame. Em entrevista a Bandeirantes...
gozação?! Não! Fui abordado no entorno do Maracanã no último Flamengo e
Cruzeiro do Brasileiro de 2013 por uma jornalista da Rede Bandeirante que
perguntou sobre o uniforme rubro-negro que seria utilizado pela Alemanha na
Copa, e sobre minhas expectativas em relação à Seleção Brasileira. Claro,
enquanto meus olhos se admiravam diante do Manto Alemão, disse a ela que o
primeiro jogo me preocupava, pois se a Seleção Brasileira tropeçasse diante dos
croatas para ter de vencer mexicanos e camaroneses iriam se enrolar. Por que,
perguntou a jornalista. Ora, porque além de fregueses dos mexicanos nossa
Seleção contava em suas fileiras com garotos muito novos e, aparentemente
inseguros demais para reverter uma cena contrária diante de um estádio cheio,
provavelmente lhes vaiando. Não sou vidente, mas as lágrimas do capitão Thiago
Silva mais ou menos transformaram em fato a minha tese exposta em dezembro de
2013. O Brasil começou mal na Copa. Sabíamos no início que não iríamos muito
longe no que dependesse de nós mesmos. A esperança? Que não surgissem uma
Alemanha poderosa, uma Holanda instigante e concisa e, muito menos um Messi
inspirado. O Messi não inspirou ninguém, mas os alemães e os holandeses...
A Copa no Brasil
Praias cheias, aldeias lotadas, Dunas
enlouquecidas, Lapas fervilhantes, a Copa no Brasil seguiu sua sina
enlouquecedora. Todos os povos aqui presentes regozijavam-se em alegrias
sóbrias e nem tão sóbrias assim. Uma festa inesquecível e inigualável. Não sei
se o Rio e sua Olimpíada conseguirão suplantar o clima que envolveu nosso país
onde, claro, o próprio Rio está incluído. Isso fora dos gramados.
Nos gramados jogos maravilhosos
com jogadas e gols maravilhosos se sucediam. Arquibancadas cheias, fan fests
botando pelo ladrão. Poucos ladrões. Os jogos foram sensacionais e geraram
surpresas ainda mais sensacionais. Espanhas goleadas, Costas Ricas desbancando
campeões mundiais e os devolvendo pra casa; dentadas, dribles, cabeçadas, uma
Copa digna daquilo que representa não só uma Copa, mas as melhores expectativas
sobre uma Copa. Jornalistas de todo o mundo se rendendo ao Brasil. Não um
Brasil país, mas um Brasil povo, um Brasil no seu jeito de ser. Deste legado
ninguém falou nada antes. Certamente será o nosso melhor. Temo ser o único. O
Brasil estava lindo e funcionando. O tempo não precisava passar.
O Brasil na Copa
Ufa!! Conseguimos passar, sabe lá
Deus como, pela primeira fase e, o melhor: escapamos da Holanda na fase
seguinte. Escapamos de voltarmos para o exterior – é de onde vêm nossos
pseudocraques. Enfrentamos o Chile.
Por dez centímetros conseguimos passar pelos
chilenos, outrora um pequeno percalço. A Seleção do Chile é melhor que a do
Brasil. Muito melhor! Mas nos classificamos aos trancos, barrancos, lágrimas e
atitudes lamentáveis. Os brasileiros estavam, àquele momento, embevecidos com a
Copa no Brasil e deram pouca importância ao Brasil na Copa. E assim fomos para
cima dos colombianos. Colômbia, outra seleção melhor que a brasileira. Outrora,
menos que um percalço. Mais uma vez,
passamos e estávamos classificados para as semifinais.
Fala sério aí... Alguém esperava
mesmo que a Seleção Brasileira passasse pela Alemanha de Bastian Schweinsteiger?
Duvido! Estávamos sem o nosso ópio! Neymar fora ferido por Zuniga e estava
condenado a assistir as partidas ao lado de Bruna Marquesini debaixo de um edredom
qualquer – coitado! O Brasil estava
fadado à eliminação. Mas não contávamos com a falta exagerada de astúcia de
nossos jogadores.
O Brasil na Copa (uma inversão
aqui para que o texto fique se entenda)
7 x 1. Não poderia começar este
parágrafo com qualquer expressão diferente dessa. O Brasil, a Seleção
Brasileira, na Copa do Mundo realizada em sua casa, sofreu a maior humilhação
de sua história – sorte que não foi para os argentinos. Fomos “piedosamente”
goleados pelos alemães por 7 x 1! Uma goleada sofrida diante de um Minerão
lotado pela classe média com poder aquisitivo para comprar os caros ingressos
da FIFA. Uma goleada emplacada com requintes de crueldade. Não uma crueldade baseada
na ação alemã, mas no comportamento de nossos meninos chorões e
desequilibrados. Àquilo que chamam de apagão eu chamo de: “Meu Deus, preciso
chorar e não sei se posso aqui e agora! E agora!?”. Pois é, enquanto nossos,
segundo a opinião do lateral Marcelo, craques se comoviam em seu próprio drama
a Alemanha tocava a bola brincando, sem se incomodar com quem estava do outro
lado e nem como estaria o lado emocional de quem estava do outro lado. Os
leitores mais antigos (nem sei se tenho leitores) haverão de se lembrar de que
era mais ou menos assim que outrora fazíamos com nossos adversários do tipo
Colômbia e Chile. Um vexame eterno!
Já dizia a Bíblia se referindo a
Jesus Cristo: “E o verbo virou carne.” Todas as piores expectativas sobre nossa
temerosa participação nessa Copa do Mundo desceram sobre nossas cabeças sem
atritos e nem obstáculos. Choveu decepção em BH de maneira torrencial! E
repito: contamos com a piedade alemã, sentimento até antes inimaginável
naqueles que Hollywood nos apresentou como sanguinários covardes e impiedosos. Pois
eles, os alemães, não quiseram empurrar um 10 x 1 em nossa história. A Alemanha
estava na Final da Copa do Mundo. Os alemães enfrentariam os argentinos que,
por sua vez, não se sabe como, eliminaram a encantadora Holanda de Robben – uma
pena. Alemanha e Holanda fariam a final que esta Copa merecia. Talvez este
tivesse sido o pormenor dessa Copa. Não foi porque ver os argentinos perdendo
uma Copa do Mundo numa final no Brasil, não tem preço.
A Alemanha, contrariando geral,
não as expectativas, mas os que esperava vê-los mais uma vez de Rubro-negros,
encaçaparam um 1 x 0 convincente na Argentina de Messi em pleno Novo
Maracanã. Mario Gotze com um golaço no
final da prorrogação eliminou as esperanças argentinas de serem campeões
mundiais em solo brasileiro, como foram no passado infernal e remoto nossos
hermanos uruguaios. O Brasil encerrara sua participação vexatória em su Copa do
Mundo com mais uma derrota acachapante, dessa vez para a Holanda. Holanda que,
ao contrário de todos os jogadores dessa Seleção Brasileira mequetrefe, deixará
em todos nós uma belíssima saudade. Saudade esta ilustrada pelas excepcionais
arrancadas de Robben e pelo belíssimo gol de Van Persie no sacode imposto aos
espanhóis. Fim do Brasil na Coda do
Mundo no Brasil.
A Copa no Brasil
Não só houve Copa do Mundo no
Brasil como talvez tenha sido a melhor e mais espetacular Copa de todos os
tempos. Chamaram-na de Copa das Copas. Não posso discordar disso e me orgulho
muito na concordância. Sim, temo que a beleza desta Copa, a organização dessa
Copa tenha como destaque a ausência de um jornalismo sério e isento que possa
ter nos privado de imagens de violência, atrasos, roubos e furtos aos turistas
e filas nos estádios. Não sei, alguém já teria aberto o bico. Mas até a Polícia
do Rio de Janeiro funcionou!!! Ah... Prefiro acreditar no que me foi mostrado –
ao menos dessa vez. Coadunam de meus sentimentos torcedores e jogadores de
todas as seleções que aqui estiveram neste curtíssimo período de tempo. Uma
pena que esta Copa tenha terminado. Mas terminou. A satisfação daqueles que nos
visitaram é o nosso melhor licor para um fim de festa tão vazio. Espero que o país termine as obras que ainda
não foram concluídas e que passe a respeitar os brasileiros como respeitou os
estrangeiros. Espero que os estrangeiros voltem a nos visitar e contem de nós
em seus países como um povo acolhedor, mas não submisso, quente, mas não
prostituto, simpático, mas não bobo. Um povo e um país que hoje caminham nos
passos que já foram dados na história de alguns desses países, onde seus “nativos”
são tratados com respeito e dignidade por seus governantes e por sim próprios. Que
nosso governo, antes até nossos eleitores, saibam conduzir nosso país num
caminho de menos corrupção e mais amor próprio, pois se não tudo isso, toda
essa explosão de alegria e satisfação terá sido apenas um acidente, e não um
legado.
Quero ver na Olimpíada!!