quarta-feira, 16 de julho de 2014

O Brasil na Copa e a Copa no Brasil



E a Copa do Mundo chegou ao seu final. Uma Copa que merece diversas visões de sim mesma, visões desconexas ou não. Prefiro as desconexas. Por quê? Ora, dou logo um exemplo que torna essa desconexabilidade necessária: precisamos separar a Copa do Mundo no Brasil do Brasil na Copa do Mundo. Ambas as partes separadas por diversas partes, antagônicas, óbvias e infelizes. Preferem uma melhor primeira impressão ou um gostinho mais refinado no final?  Pois é, como sou eu quem escolhe, vá acompanhando.


A Copa no Brasil

Um início arrebatador!
Da alemã Santa Cruz Cabrália à holandesa Ipanema, sem esquecermos a chileno-argentina Copacabana, a Copa no Brasil ferveu sem parar diuturnamente. Trocas de gentilezas, culturas e bugigangas permearam encantamentos de todas as partes envolvidas nesse entrelaçamento. Camisas, bandeiras, cocares e uma respeitável organização pra lá, Centros de Treinamentos construídos ou reformados, ambulâncias, estradas, escolas, arte, simpatia, boom no comércio pra cá, tudo acontecendo em meio a festas de euforia de parte a parte. No início da Copa no Brasil já se podia prever que a Alemanha seria quase imbatível, que a Holanda chegaria como segunda força, que o Chile encantaria de maneira surpreendente e que a Argentina não só faria na entrada como também na saída. Faria o quê? Ora, o que seus atacantes fizeram diante de Manuel Neuer e seus torcedores fizeram na praia, no Sambódromo e nos diversos lugares onde foram muito bem recebidos, acolhidos. Todavia, poupar-me-ei de hablar sobre argentinos. Posso? Danke!
Destaques da Copa: Bastian Schweinsteiger e Arjen Robben. Destaques da Copa! Ainda divagando sobre o início da Copa no Brasil... Esses dois caras foram sensacionais! Logo no início de cada um deles  em nossas terras um apareceu jogando frescobol nas areias de Ipanema e o outro chapadão, de alegria, berrando o hino do Bahia. Espetacular! Ah, e o Messi? O Messi a esta altura devia estar ensaiando seus dribles. Não, não estamos falando de futebol ainda. Messi ensaiava os diversos e mal educados dribles que deu nas diversas crianças que por sua atenção procuravam antes de procurarem por seus dribles. E a Copa no Brasil começou esplendorosa e cativante.


O Brasil na Copa

Um início pra lá de preocupante foi o que nos ofereceu a Seleção Brasileira logo que se defrontou com seu primeiro desafio, a Croácia. Não fosse um pênalti mal marcado pelo árbitro a partir de uma encenação cafajeste de nosso arremedo de centroavante e a Seleção Brasileira poderia encaminhar um adeus talvez mais melancólico, porém menos humilhante, logo no início do certame. Em entrevista a Bandeirantes... gozação?! Não! Fui abordado no entorno do Maracanã no último Flamengo e Cruzeiro do Brasileiro de 2013 por uma jornalista da Rede Bandeirante que perguntou sobre o uniforme rubro-negro que seria utilizado pela Alemanha na Copa, e sobre minhas expectativas em relação à Seleção Brasileira. Claro, enquanto meus olhos se admiravam diante do Manto Alemão, disse a ela que o primeiro jogo me preocupava, pois se a Seleção Brasileira tropeçasse diante dos croatas para ter de vencer mexicanos e camaroneses iriam se enrolar. Por que, perguntou a jornalista. Ora, porque além de fregueses dos mexicanos nossa Seleção contava em suas fileiras com garotos muito novos e, aparentemente inseguros demais para reverter uma cena contrária diante de um estádio cheio, provavelmente lhes vaiando. Não sou vidente, mas as lágrimas do capitão Thiago Silva mais ou menos transformaram em fato a minha tese exposta em dezembro de 2013. O Brasil começou mal na Copa. Sabíamos no início que não iríamos muito longe no que dependesse de nós mesmos. A esperança? Que não surgissem uma Alemanha poderosa, uma Holanda instigante e concisa e, muito menos um Messi inspirado. O Messi não inspirou ninguém, mas os alemães e os holandeses...


A Copa no Brasil

Praias cheias, aldeias lotadas, Dunas enlouquecidas, Lapas fervilhantes, a Copa no Brasil seguiu sua sina enlouquecedora. Todos os povos aqui presentes regozijavam-se em alegrias sóbrias e nem tão sóbrias assim. Uma festa inesquecível e inigualável. Não sei se o Rio e sua Olimpíada conseguirão suplantar o clima que envolveu nosso país onde, claro, o próprio Rio está incluído. Isso fora dos gramados.
Nos gramados jogos maravilhosos com jogadas e gols maravilhosos se sucediam. Arquibancadas cheias, fan fests botando pelo ladrão. Poucos ladrões. Os jogos foram sensacionais e geraram surpresas ainda mais sensacionais. Espanhas goleadas, Costas Ricas desbancando campeões mundiais e os devolvendo pra casa; dentadas, dribles, cabeçadas, uma Copa digna daquilo que representa não só uma Copa, mas as melhores expectativas sobre uma Copa. Jornalistas de todo o mundo se rendendo ao Brasil. Não um Brasil país, mas um Brasil povo, um Brasil no seu jeito de ser. Deste legado ninguém falou nada antes. Certamente será o nosso melhor. Temo ser o único. O Brasil estava lindo e funcionando. O tempo não precisava passar.


O Brasil na Copa

Ufa!! Conseguimos passar, sabe lá Deus como, pela primeira fase e, o melhor: escapamos da Holanda na fase seguinte. Escapamos de voltarmos para o exterior – é de onde vêm nossos pseudocraques. Enfrentamos o Chile.
 Por dez centímetros conseguimos passar pelos chilenos, outrora um pequeno percalço. A Seleção do Chile é melhor que a do Brasil. Muito melhor! Mas nos classificamos aos trancos, barrancos, lágrimas e atitudes lamentáveis. Os brasileiros estavam, àquele momento, embevecidos com a Copa no Brasil e deram pouca importância ao Brasil na Copa. E assim fomos para cima dos colombianos. Colômbia, outra seleção melhor que a brasileira. Outrora, menos que um percalço.  Mais uma vez, passamos e estávamos classificados para as semifinais.
Fala sério aí... Alguém esperava mesmo que a Seleção Brasileira passasse pela Alemanha de Bastian Schweinsteiger? Duvido! Estávamos sem o nosso ópio! Neymar fora ferido por Zuniga e estava condenado a assistir as partidas ao lado de Bruna Marquesini debaixo de um edredom  qualquer – coitado! O Brasil estava fadado à eliminação. Mas não contávamos com a falta exagerada de astúcia de nossos jogadores.


O Brasil na Copa (uma inversão aqui para que o texto fique se entenda)

7 x 1. Não poderia começar este parágrafo com qualquer expressão diferente dessa. O Brasil, a Seleção Brasileira, na Copa do Mundo realizada em sua casa, sofreu a maior humilhação de sua história – sorte que não foi para os argentinos. Fomos “piedosamente” goleados pelos alemães por 7 x 1! Uma goleada sofrida diante de um Minerão lotado pela classe média com poder aquisitivo para comprar os caros ingressos da FIFA. Uma goleada emplacada com requintes de crueldade. Não uma crueldade baseada na ação alemã, mas no comportamento de nossos meninos chorões e desequilibrados. Àquilo que chamam de apagão eu chamo de: “Meu Deus, preciso chorar e não sei se posso aqui e agora! E agora!?”. Pois é, enquanto nossos, segundo a opinião do lateral Marcelo, craques se comoviam em seu próprio drama a Alemanha tocava a bola brincando, sem se incomodar com quem estava do outro lado e nem como estaria o lado emocional de quem estava do outro lado. Os leitores mais antigos (nem sei se tenho leitores) haverão de se lembrar de que era mais ou menos assim que outrora fazíamos com nossos adversários do tipo Colômbia e Chile. Um vexame eterno!
Já dizia a Bíblia se referindo a Jesus Cristo: “E o verbo virou carne.” Todas as piores expectativas sobre nossa temerosa participação nessa Copa do Mundo desceram sobre nossas cabeças sem atritos e nem obstáculos. Choveu decepção em BH de maneira torrencial! E repito: contamos com a piedade alemã, sentimento até antes inimaginável naqueles que Hollywood nos apresentou como sanguinários covardes e impiedosos. Pois eles, os alemães, não quiseram empurrar um 10 x 1 em nossa história. A Alemanha estava na Final da Copa do Mundo. Os alemães enfrentariam os argentinos que, por sua vez, não se sabe como, eliminaram a encantadora Holanda de Robben – uma pena. Alemanha e Holanda fariam a final que esta Copa merecia. Talvez este tivesse sido o pormenor dessa Copa. Não foi porque ver os argentinos perdendo uma Copa do Mundo numa final no Brasil, não tem preço.
A Alemanha, contrariando geral, não as expectativas, mas os que esperava vê-los mais uma vez de Rubro-negros, encaçaparam um 1 x 0 convincente na Argentina de Messi em pleno Novo Maracanã.  Mario Gotze com um golaço no final da prorrogação eliminou as esperanças argentinas de serem campeões mundiais em solo brasileiro, como foram no passado infernal e remoto nossos hermanos uruguaios. O Brasil encerrara sua participação vexatória em su Copa do Mundo com mais uma derrota acachapante, dessa vez para a Holanda. Holanda que, ao contrário de todos os jogadores dessa Seleção Brasileira mequetrefe, deixará em todos nós uma belíssima saudade. Saudade esta ilustrada pelas excepcionais arrancadas de Robben e pelo belíssimo gol de Van Persie no sacode imposto aos espanhóis.  Fim do Brasil na Coda do Mundo no Brasil.


A Copa no Brasil

Não só houve Copa do Mundo no Brasil como talvez tenha sido a melhor e mais espetacular Copa de todos os tempos. Chamaram-na de Copa das Copas. Não posso discordar disso e me orgulho muito na concordância. Sim, temo que a beleza desta Copa, a organização dessa Copa tenha como destaque a ausência de um jornalismo sério e isento que possa ter nos privado de imagens de violência, atrasos, roubos e furtos aos turistas e filas nos estádios. Não sei, alguém já teria aberto o bico. Mas até a Polícia do Rio de Janeiro funcionou!!! Ah... Prefiro acreditar no que me foi mostrado – ao menos dessa vez. Coadunam de meus sentimentos torcedores e jogadores de todas as seleções que aqui estiveram neste curtíssimo período de tempo. Uma pena que esta Copa tenha terminado. Mas terminou. A satisfação daqueles que nos visitaram é o nosso melhor licor para um fim de festa tão vazio.  Espero que o país termine as obras que ainda não foram concluídas e que passe a respeitar os brasileiros como respeitou os estrangeiros. Espero que os estrangeiros voltem a nos visitar e contem de nós em seus países como um povo acolhedor, mas não submisso, quente, mas não prostituto, simpático, mas não bobo. Um povo e um país que hoje caminham nos passos que já foram dados na história de alguns desses países, onde seus “nativos” são tratados com respeito e dignidade por seus governantes e por sim próprios. Que nosso governo, antes até nossos eleitores, saibam conduzir nosso país num caminho de menos corrupção e mais amor próprio, pois se não tudo isso, toda essa explosão de alegria e satisfação terá sido apenas um acidente, e não um legado.

Quero ver na Olimpíada!!

3 comentários:

Alan disse...

O Brasil começou a ganhar essa copa fora do campo quando nós, brasileiros que querem o bem do país, decidimos que iríamos fazer ela dá certo. Não obstante os erros e incompetências de políticos, má fé de politizados e viras latas em geral nós decidimos que iria fazer acontecer. E conseguimos.

O tal legado, palavra da moda, material, será discutido através de números, estatísticas e afins e aí temos que tomar cuidados com os que irão ver o copo meio cheio e o copo meio vazio.

O legado subjetivo foi mostrar ao mundo que não somos submissos mas sabemos receber bem, que não somos o povo alegre, ordeiro, que vive sambando e rindo mas sabemos cuidar desse país quando ele recebe visitas. Que seja essa uma constante com todos os turistas durante todos os meses.

Escrevi no meu espaço que não foi a copa que merecíamos ter, a que poderíamos fazer mas a que deu para fazer e, meu amigo, lembra quando lá no Birner eu defendi a realização dessa copa aqui enquanto outros torciam para o pior... Não me arrependo. Faria tudo de novo. Valeu a pena. O Brasil merecia isso.

Obs: Seleção brasileira dentro de campo? Essa crise técnica e tática vai, sabemos bem, time grande sempre volta ao primeiro lugar. Gigantes não morrem, são feridos, mas retornam.

Abs.

Visão Desconexa disse...

Claro que lembro!!

Mas o amigo há também de se lembrar que eu era outro que apostava na Copa e a queria realizada em meu país. Queria pura e simplesmente por conta da festa. Da festa que eu esperava que houvesse e que houve! Entendia quem era contra, como foi o Bírner, com receio da outra festa, da festa com o dinheiro público. Ora, disse eu época, orcem as obras e fiscalizem para que os valores aprovados sejam cumpridos. Aqui em nosso país já não coloco mais a culpa nos políticos. Se o ladrão te rouba uma vez a culpa é do ladrão, mas se o ladrão te rouba duas, três, ou desde 1500, aí a culpa é sua, nossa. Nossa submissão carismática é um legado desde esta época e não me envergonho dela. Olho o que de bom há em ser assim. Prefiro ser cordial e parecer submisso do que ser um americano ou argentino arrogante achando que o mundo é meu e que posso fazer dele o que quiser. Na retaguarda de minha aparente submissão como brasileiro há um Q de outra coisa qualquer.

Visão Desconexa disse...

"Seleção brasileira dentro de campo?"

kkkk Eu perco o amigo mas não perco a piada.

Concordo. Mas não acredito em renovações ou revoluções. A corja que está mamando não entregaria a teta por causa de uma goleada. Seremos campeões novamente, mas teremos de esperar pelo surgimento de dos craques de outrora e não dos craques mencionados pelo Marcelo em entrevista.