quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Nem sérios, nem engraçados. Macabros.

 

De Gaulle um dia disse não se tratar o Brasil de um país sério. Lagostas à parte – parece que à época um entreveiro entre o Brasil e  França por conta dos crustáceos extraiu essa pérola do então presidente francês – mas, ele identificou naquela ocasião que o Brasil não seria um país sério. De lá para cá, até momentos antes da pandemia do Coronavírus, realmente esta República de Bananas fez por onde e, com galhardia, merecer à alcunha que recebera. Mas... por que fizemos jus a nossa infame característica até um pouco antes da explosão pandêmica da Covid 19 e hoje o mundo nos vê com outros olhos?    Porque depois disso, depois do primeiro óbito e até o último (e contando) nossa graça foi para o espaço. Junto a pandemia tivemos a praga mórbida de ter como presidente uma figura como Jair Bolsonaro, aterrorizantemente acompanhado por ministros e asseclas da mesma espécie. Descobrimos também entre nós, entre nossos amigo e parentes, pessoas que coadunaram e coadunam até hoje com os mesmos preceitos, conceitos, pensamentos. Isso mesmo, não olhe para cima, essas pessoas estão ao nosso lado diariamente. Não vem do céu nossa maior desgraça, Não que o Brasil tenha se transformado num país sério, longe disso, ainda somos motivos de galhofa, mas De Gaulle já teria repensado sua frase desde então, desde o início da pandemia.

Produzimos mais de 650 mil mortos e trabalhamos duro para produzirmos ainda mais. Seja na esfera oficial, por parte dos governos federal, estadual e municipal, seja por cada indivíduo que insiste em ignorar o momento pelo qual passamos. O governo federal não quer vacinas e os outros dois estão preocupados com o Carnaval. Na esfera individual, observo aqui em meu pequeno universo pessoas sem máscaras, sem cuidados com a higiene pessoal, desprezando o lavar de suas mãos, assim como o álcool em gel; convivendo em ambiente fechado mesmo que tossindo ou espirrando em demasia.... impressionante! Hoje não temos como principal característica em relação ao mundo e, em relação a nós mesmos, o aspecto engraçado, galhofeiro, meio burros e ignorantes como alguns personagens de Oscarito e Grande Otelo.... Hoje, em relação ao todo, somos sim ainda tontos e incapazes, mas somos acima de tudo e de todos, macabros, fúnebres assassinos quase involuntários de nós mesmos. Isso não tem graça.

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