terça-feira, 13 de setembro de 2011

Bem Amigos, Rogério Cena

Jamais gostei desse goleiro, da pessoa por trás do goleiro. Sempre tive em Rogério Ceni um fanfarrão de responsa, um falastrão que é incapaz de lidar com suas fragilidades, com seus defeitos. Um ótimo goleiro, mas que nunca mereceu ser titular de uma Seleção Brasileira, apesar dele discordar publicamente com essa ideia.
Não gosto nem da imagem que o sãopaulino tem de seu goleiro... Um ídolo goleiro? Eu hein! "Ah, mas ele nunca saiu do São Paulo"!  Se for assim nós rubro-negros dispensaremos o Zico do posto de maior ídolo da Nação e em seu lugar colocaremos o Cantarelli. Sim, eu sei que a Patrícia Amorim já fez algo parecido, mas os critérios foram outros e, o ídolo dela é o Capitão Leo e não o Cantarelli. O sãopaulino deveria procurar em sua história alguém mais apropriado, o Zizinho, por exemplo. O Leônidas da Silva, o Cafu!

Bem, não gosto do Rogério Cena, mas ontem tive de tirar o chapéu para ele. O goleiro, recordista em quebrar recordes sem importância, disse na cara de quem estava presente ao programa do SPORTV, Bem Amigos, e a quem que de casa quisesse ouvir uma das maiores verdades no relacionamento da imprensa esportiva com o esporte de um modo geral e, em particular, com o futebol. Disse o Rogério Ceni: (mais ou menos assim, claro):

" Sei que é muito difícil falar como vocês da imprensa falam, escrevem. Puxa, ler um Alberto Helena, um Marco Antônio Rodrigues... Sensacional! Mas a diferença que há na opinião de vocês, até mesmo na de ex jogadores do passado distante e a de ex jogadores de um passado recente é descomunal! É preciso ter sido jogador para poder falar do jogo!"

Malandramente Luiz Roberto fez esta opinião de Rogério Ceni passar batida. Mas a expressão do Alberto Helena foi de arrepiar. Gosto demais desse cara e vi uma expressão de triste concordância com o que havia dito o ex futuro comentarista do Sportv. Eu concordo plenamente com o Cena!!!

Jamais poderei comentar uma cirurgia plástica, mesmo que essa cirurgia esteja trocando o meu sexo. Não dá! Não estudei para isso e mesmo que tivesse estudado... eu jamais operei alguém!
Quem não foi jogador de futebol não deveria ter autorização para comentar o jogo. Melhor, não quero censurar ninguém, quem não foi jogador deveria se dar ao respeito e censurar-se a si mesmo, não deixando de dizer aquilo que pensa, mas sim transvestindo-se de humildade antes de vociferar sore o que não entende como um especialista.
Por exemplo, há um comentarista de um nível de especialização que chega a me orgulhar como se eu fosse pai dele: Paulo Vinícius Coelho. O cara sabe tudo! Quem está machucado, quem está com febre, quem vai jogar e quem vai ser suspenso, quem será escalado alí e acolá. PVC, como é conhecido no meio, sabe tudo,  inclusive dos tempos imemoriáveis onde a criança ainda nem havia nascido. Sabe por exemplo a marca da chuteira usada por Leônidas da Silva no primeiro gol de bicicleda da história. O que o PVC não sabe e aí entra a questão do Pensamento Rogeriano (na verdade eu pensei assim primeiro, sou mais velho que o fanfarrão), mas o que o PVC não sabe é aquilo se passava na cabeça de Leônidas naquele instante para que o jogador tivesse o lampejo para tentar aquela jogada. PVC não sabe e nem poderia saber, mas Zico sabe, Romário sabe, Caio Ribeiro sabe, Visão Desconexa sabe, Jorge Nunes da Tupi sabe... enfim, quem pisou nos gramadinhos de Várzea ou esburacados como o Engenhão, sabe. Mas o PVC... duvido!!

Gostei demais da opinião do Rogério Ceni. Quando sou compelido a bater palmas... clap, clap, clap. O cara estava no seio, no horário nobre do futebol dentro do Sistema Globo e mandou na lata de todos o que pensa sobre o tema. Parabéns Rogério Ceni.

Bem, aplausos dados... Joga pedra no Ceni! Joga bosta no Ceni!!! Ele é feito pra apanhar...

4 comentários:

Orlani Júnior disse...

Fala, Visão!

Não tenho nada contra o Rogério - goleiro/pessoa -, mas o acho um pouco chatinho.

E concordo com você e com ele! Aliás, posso me incluir nessa lista? Peladeiro oficial desde sempre, aventurei-me cedo, lá pelos meus 5,6 anos já estava agarrando nas categorias inferiores lá em Niterói, depois, já com meus 12 passei para lateral-esquerda e no gol, quando não tinha goleiro, fiz um teste no CRF, de lateral, e eles me reprovaram, acredita? Vê se pode! Sei que teve um centroavante muito ruim que eles aprovaram, devia ter guardado o nome do moleque para ver se vingou, sei que o garoto foi levado pelo Nunes, fiquei mais contente em ver o Nunes com o próprio teste, já que nunca levei a sério mesmo. Depois da rejeição, voltei para Várzea de Niterói - time chamado de Dinamo, depois conseguiram um contato para eu ir treinar no Império do Mal, fui a São Cristóvão, fiz uns testes, mas não consegui ver tanta cruz no vestiário, aquele ambiente hostil, urghhh, não voltei na terceira vez. Já lá pelos meus 15 anos, fui para o Futebol de salão, temos um grupo (ainda faço parte mesmo estando em Campinas) de 20 anos jogando juntos, nesse meio tempo fui para o gol do Clube Português de Niterói, mas a faculdade, trabalho e treino à noite e o amadorismo me fizeram parar para pensar: "os caras são sem noção, chutam forte pra carafjdfjdjfdfjfi e eu tenho que estudar, trabalhar e não podia mais jogar aos sábados com meus amigos?" Resumo: Larguei tudo! Trabalho, faculdade e Clube Português. hahahaha
Após 6 anos aqui consegui duas peladas: uma na sexta e outra na segunda, está bom, né?

SRN

Visão Desconexa disse...

rsrsr Grande encontro de peladeiros do Blog!!Falta só o nosso pivô/centro-avante que logo se manifestará.

Há uma característica comum aos peladeiros, essa vontade que temos de contar nossas façanhas. Então, lá vou eu...

Devia ter uns 11, 12 anos, 1976, por aí. Uma peneira num campo de um bairro do qual não me lembro e, dois meses depois, a Gávea. Minha nossa! Contei pra todo mundo na rua, na hora!
Mais dois meses de treinos... Zico, Geraldo, Toninho, Luisinho, Caio, Cantarelli... Vivia andando de um lado para o outro paparicando essa turminha até que, num dia triste para o futebol brasileiro, meu "professor" me chamou num canto e me disse. Esse aqui será seu novo treinador, você irá para o salão para ganhar corpo. Bum!!!! MInha vida acabou. Eu era o cara da rua que treinava no Flamengo. Salão!!!??? O que era isso?
Meu pai me levou num treino no salão e eu desisti.
Engraçado... Dois anos depois fui com um amigo meu à "AAU!!!" (era o grito da torcida) Associação Atlética Universitária. Virei jogador de Futebol de Salão (nada de Futsal e muito menos gol de dentro da área).
Dali fui para o seu Clube Português (adorava aquele clube, às tarde ia de bicicleta e ficava na piscina nadando de um lado para o outro - bons tempos) Campeão em São Gonçalo jogando contra o antigo Don Hélder, hoje Universo. Time de um treinador chamado "Miroca" que dava cada esporro nos seus moleques que até a arquibancada ouvia.
Canto do Rio, AABB, Clube Português, Fluminense (é Alan, já vesti o uniforme do seu time, por dois anos rsrsrs) O engraçado é que no Fluminense surgiu uma proposta do meu treinador no Plínio Leite (minha escola onde eu disputava os estudantis), mas nessa época meu treinador na escola era treinador do infantil do Fluzão no campo. Tentou me levar, mas um diretor com a cara de Eurico Miranda, do qual o nome eu não lembro, vetou minha transferência e eu fiquei no Salão mesmo - devia ser importante. Não tinha a mínima noção de nada e, meu pai não me acompanhava. Tudo o que fiz, fiz sozinho.
Do Flu voltei para o Canto do Rio, Fonseca... Onde parei com o salão em clubes.
Na faculdade disputei alguns cariocas. Fui convocado em 87 para a Seleção Carioca Universitária para jogar o JUB's disputado em Belém e em 88 para o disputado em João Pessoa.
Fim da faculdade, fim dos jogos oficiais, exceção feita a alguns campeonatos bancários e uns campeonatos do SESI - tudo no salão.
Engraçado se não fosse trágico. Seu amigo se recusou a jogar futebol de salão no clube que mais ama neste mundo. Um clube no qual ele estava estabelecido e era tido como um jogador na ser aproveitado e, não fez outra coisa na vida a não ser jogar o bendito futebol de salão.
Depois disso sim, surgiu o peladeiro mais apaixonado por uma pelada da face da Terra! Campo, nunca mais joguei o delicioso "Futebol de Salão".
Alto da Boa Vista.
Lá virei "Tenório, o Magnífico" rsrsrs assino assim os emails que troco com a galera (temos "O 10", "O Monstro" e por aí vai.. Consegui a façanha de fazer parte de um time de veteramos famoso na região (Palmeirinha), onde normalmente só jogam locais. São todos meus amigos. Brincam sempre que com "meu futebolzinho" só conseguiria mesmo jogar no meio deles, dos amigos.
Brinco dizendo que foi um conselho de meu velho pai: "Meu filho, você é muito presepeiro e gosta de ficar dando lençóis e canetas. Aqui em Niterói será difícil pra você. Vá jogar no Alto, lugar de trouxa é lá mesmo." srsrsr
Bem, em meio a muitas lágrimas... Esta é a "Minha Vida!"

Orlani Júnior disse...

Cara,

Pior que é mesmo, sempre queremos contas nossas histórias... Azar duplo do Flamengo! Era pra ter um craque encerrando a carreira, já com outro bom jogador começando. Já pensou? Não teríamos tanta carência na criação de jogadas hoje em dia.

Sua história é muito bacana e bem mais rica do que a minha, e tão ou mais emocionante, pois pode-se perceber algumas coincidências da vida: Canto do Rio, Clube Português, Niterói, ir sozinho para os treinos (não era fácil com 11,12 anos pegar o ônibus - se não me falhe a memória o Galeão 998 - e descer na Ilha do Fundão sozinho em meio a um matagal onde eram realizadas as peneiras do Fla.). Só não fui/sou um cara frustrado com o futebol porque nunca levei a sério mesmo e era ganancioso, nada de começar no Bonsucesso, Madureira ou Botafogo, tinha que começar de cima, melhor, queria começar no meu time de coração e não via possibilidade de jogar em outro.
Hoje em dia vou dando meu espetáculo por aqui, agora jogando do meio para trás, chegando na frente e deixando uns golaços. hahaha

Muito bom saber que de uma postagem descobrimos além de jornalista, radialista, escritor, crítico, também temos um excelente jogador/peladeiro!

SRN

Visão Desconexa disse...

rsrsr
Minha história rica? Só ela por ela mesma, àquela época trocávamos de clube pela beleza e importância do uniforme, só isso. Um dia uns dirigentes do Canto do Rio foram à minha casa oferecendo uniforme de manga comprida, toalhas e sabonetes para o banho e um "All Latex" novinho, lembra do All Latex? Isso é que era tênis!!

Também não sou frustrado porque também jamais levei a sério. Por exemplo, deixei de ir para o campo no Flu pq estava bem no time do Salão, é mole ou quer mais?

Um abraço amigão e a sua sorte amanhã será a minha também.