sábado, 24 de setembro de 2011

Uma hora dessas.

   A Seleção Brasileira sempre foi uma espécie de patrimônio popular, um orgulho que vingava e suplantava os momento difíceis pelos quais a população brasileira passava e passa até os dias de hoje. Mesmo à época da Ditadura Militar - tempos difíceis - mesmo naquele tempo em que a Seleção Brasileira foi até acusada de favorecer ao regime que sustentava aquele estado de coisas,  a Seleção Brasileira se mantinha em sua redoma e embalava a inebriante e inocente alegria popular. A Seleção, por incrível que pareça, afinal de contas vivíamos sob um regime militar, jamais pertenceu a CDB (atual CBF), jamais. Os jogadores eram decantados pelos quatro cantos do país e admirados pelos quatro cantos do mundo. O povo sabia qualquer Seleção Brasileira de cabeça.

   Que fique claro, não estou aqui me contorcendo de saudosismo pelo futebol praticado naquela época. Não estou manifestando a saudade que sinto do Falcão ao assistir o Ralf jogar. Estou aqui manifestando minha revolta pela não convocação do jogador do Corinthians de uma outra maneira. Estou na verdade vociferando o que penso sobre o que acontece à Seleção Brasileira de hoje, na verdade, a Seleção do Ricardo Teixeira, à Seleção da CBF e  seus interesses. Na época da Ditadura Militar, de alguma forma, a Seleção Brasileira servia à pátria - de uma maneira lúdica e honesta ao povo e, de uma outra maneira, ao governo da época.
   Empresários, dirigentes e treinadores não se utilizavam do bem lúdico maior desta nação para, por exemplo, fazer da Seleção Brasileira vitrine ou balcão para vender bujingangas para o leste europeu. Na Seleção Brasileira jogavam apenas os melhores. Havia uma coerência na hora da renovação. Mesmo uma seleção "muquirana" servia de base para o surgimento da nova que trazia a recente geração de craques que o país não pára de produzir. Um cara que não tivesse a maioria do apoio popular simplesmente não vestia o Manto Sagrado Canarinho. Hoje tudo virou uma esbórnia administrada por interesses escusos dos quais a população pouco ou nada sabe. O bem é público, mas os bens adquiridos sejam eles de que natureza forem, esses são particulares. 
   A impressão que se tem hoje é que um cidadão, se utilizando de todas as artimanhas possíveis, talvez dentro da legalidade e dos vacilos legais, simplesmente tomou para si a propriedade deste bem, até então público. Não adianta espernear - até porque os que podem espernear não são, digamos, pessoas das mais recomendáveis - mas e a população!? Ora, vimos após manifestação popular pela saída do dono da CBF que este não sofreu um arranhãozinho sequer. 
   Mas o que estou para dizer, quase num grito de insatisfação e raiva pela impossibilidade aparente de mudanças, é que a Seleção Brasileira não existe mais. Existe uma Seleção da CBF que é utilizada não para fins políticos, mas para fins comerciais. Hoje as convocações não atendem ao apelo popular - talvez quando uma Copa do Mundo está para acontecer as traquinagens deem um tempo - mas no período restante... Minha Nossa Senhora! Vemos de tudo, menos coerência ou, uma coerência incoerente aos apelos populares e apegada aos desejos particulares de pessoas e grupos. 
   As convocações de Mano Menezes são a mais nítida demonstração de que a seleção Brasileira não existe mais, ao menos na configuração apaixonante de outrora. Existe para que Fernandinhos sejam mostrados ao "mundo árabe"e para que parceiros e amigos sejam beneficiados na maior competição do país.
   Ouço e recomendo aos amigos a Rádio Tupi e seus programas esportivos. No programa da tarde de hoje aventou-se a possibilidade de uma convocação inexplicável e totalmente favorável ao Corinthians Paulista. Suscitou-se também uma estranheza com resultados inesperados que poderiam estar favorecendo uma bolsa de apostas - nem sei do que se trata, mas averiguarei. Puxa vida... o que nos restará se além da Seleção Brasileira nos levarem o lúdico dos finais de semana? Será que ainda temos o que antes chamávamos de times de futebol, para os quais desenvolvemos em nós sentimentos imensuráveis e incompreensíveis ao entendimento de "nossas patroas"? Sinceramente não sei, mas aí o papo se estenderia demais.

     O que sei Sr Mano Menezes, senhor Ricardo Teixeira e pessoas envolvidas é que vocês não enganam  ninguém. Se nada é feito é porque vocês estão acobertados pelas possibilidades legais que lhes cercam. Mas se o Governo Brasileiro entender que o que vocês administram é sim, um bem público, aí meus "amigos" as batatas dos senhores assarão até pipocarem no teflon quente. Fiquem espertos, sei que não parece, mas as coisas estão mudando sim.

Nenhum comentário: