sábado, 16 de julho de 2011

CBF, Globo e você, nada a ver!!

Prometo aqui não abusar do saudosismo, mas quem é que esquece aquele amor devastador de outrora? Não, não me refiro ao primeiro amor, desse todo mundo esquece, a não ser aquele pobre infeliz que está com o "primeiro amor" até hoje enquanto verdadeiros amores passam diante dos olhos de seus corações - cabe discussão aqui, mas não é o caso. Refiro-me àquele amor inesquecível por ter se feito inesquecível, por ter sido intenso e marcante. Refiro-me, no caso, à seleção Brasileira de 1982 - a de 70 para alguns e a de 62 para uns poucos. Não ficarei aqui martelando por entre essas incontroláveis lágrimas que salgam meu paladar e danificam meu teclado enquanto escrevo. Não, não voltarei ao Túnel do Tempo (seriado dos porretas!). Utilizarei-me do túnel do tempo para sair do passado em minhas lembranças e voar em direção àquilo que certamente não ficará em minha lembrança - são na verdade e, com perdão ao trocadilho, lambanças.

Faz tempo que a memória daquele torcedor brasileiro, torcedor de Seleção Brasileira, como éramos todos nós que deixávamos tudo para assistir qualquer partida que fosse de uma Seleção Brasilera, faz tempo que a memória desse cara, de nós mesmos, vive num vácuo canarinho que não é preenchido da forma como deveria, com ansiedade e satisfação garantidas.  Exceção feita aos muitos jovens que viram o Brasil ser campeão em 2002  e 1994, mas que não viram nada antes disso, o brasileiro perdeu a identidade com sua mais deliciosa expressão esportiva, a verdadeira Seleção Brasileira de Futebol.

Sei que ficarei à mercê das maldades e profecias terríveis do M.E. (Mandatário Eterno) da CBF. Sim, sei que ele poderá me negar credenciamento na Copa do Mundo de 2014, sei que ele poderá proibir minha presença nas coletivas do técnico e dos jogadores de sua seleção, sei  de tudo isso, mas não posso me furtar e ser furtado calado: esse senhor roubou minha fábrica de inebriantes e inesquecíveis lembranças. Desde que este senhor assumiu o comando da CBF que a outrora Seleção Brasileira virou lugar de negócios, troca de futilidades e vaidades, "mexericos", suspeitas de todo tipo de negócios excusos e desonestos, de negociatas e toda sorte de horrores escabrosos, que vão desde negociatas suspeitas até exibição em horário nobre de penteados assustadores que podem influenciar uma geração inteira . Mas mesmo assim não posso ficar calado à minha própria sensibilidade.

A Rede Globo, que se não é sócia da CBF nos negócios, o é nas atitudes em conjunto, nos mandos e desmandos daquilo que acontece ao futebol brasileiro, agora trabalha em conjunto com a entidade futebolística na tentativa de recuperar esse espaço perdido nas mentes e corações dos brasileiros. Nos empurram a Seleção Brasileira como se dessa forma todo o mal causado antes pudesse ser esquecido.
Percebo hoje, nas diversas enquetes que diversos jornalistas esportivos andam fazendo por aí, que o amor do torcedor por seu clube suplantou em muito o amor deste mesmo torcedor por sua Seleção. Antes não era assim e, por favor, jovem torcedor, não insista, não era mesmo. Qualquer amistososinho com um cata-cata de boliviano era motivo para que país parasse diante da caixinha cheia de válvulas. O povo tinha um amor e um carinho especial pelo seu Selecionado. Fácil de entender.
No passado a Seleção Brasileira carregava consigo jogadores, em sua maioria homens formados que não ficavam rebolando após os gols e nem arrumavam seus cabelos feito calopsitas, que representavam em sua totalidade ou quase, jogadores de times brasileiros. O rubro-negro, o botafoguense, o santista, o palmeirense, enfim, os torcedores dos grandes times do Brasil tinham ali, representando sua pátria, jogadores de seus times. Isso era demais!
Hoje não é mais assim. A Seleção Brasileira se foi. Hoje temos a substituí-la uma Seleção da CBF que representa a própria CBF e seus sócios. Hoje os jogadores que nos representam, melhor, tentam representar, acham que representam, jogam em times europeus, vivem na Ucrânia , no Catar e não têm compromisso com nada e ninguém que não sejam eles mesmos e seus empresários. A CBF e a Rede Globo precisam entender que o amor se foi por conta disso. Hoje o torcedor brasileiro se apega mais ao seu clube do coração do que a própria Seleção da CBF. Sim, sabemos que os clubes brasileiros são como cozinha de restaurantes da Rua do Rosário, mas tal e qual essas cozinhas, o torcedor não tem acesso ao que acontece nos bastidores, depara-se apenas com o produto final. Nesse ponto os clubes perdem dos restaurantes, mas o produto final é movido por uma paixão inexplicável e, o que não se explica não se estingue.
Não adianta em nada pegar um jogo de apelo emocional como este Palmeiras x Flamengo e jogá-lo para uma quarte-feira sem fim, logo após Insensato Coração e antes do O Astro. Isso somente irrita torcedores e profissionais envolvidos naquilo que realmente importa.
O Campeonato Brasileiro, de bisonha média de público, de futebol de baixíssimo nível, de jogos realizados em estádios nos quais ninguém gosta de ir, ainda assim, é bagunçado pela entidade que o produz e pela entidade que o compra para exibir. Uma vergonha descabida, realizada em benefício da busca por um amor e um carinho perdidos no tempo; no tempo que reside no saudoso passado que ainda alegra os corações a as mentes daqueles que estavam lá. Essa Copa América já está dando no saco!

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