Aula Extra

Em pleno gozo de férias estudantis me tiram da cama às 8 horas para ver 90 minutos de aula de futebol.

Pois foi o que aconteceu (na verdade está acontecendo, o primeiro tempo acabou agora) com as pretensões de Neymar, com a apatia de Ganso, com as falhas de Durval, com as tonturas da defesa santista, com a marra do Muricy e, com a minha torcida para o time do Santos. Acordei cedo para ver o Santos diante do Barcelona e me frustei, pois o Santos não apareceu por aqui. Diriam alguns que o Santos, todos os jogadores sem exceções, foram expectadores privilegiados, pois nem isso foram. Expectador privilegiado, melhor, tele-expectador privilegiado fui eu que a partir das centenas de câmeras exclusivas do Sportv vide perto o Barcelo trucidar o peixe sem dó ou piedade. Aliás, o Milton Leite falou muito mais em "nossas câmeras exclusivas" do que propriamente nos nomes de Ganso e Neymar. Um baile!

Aliás, o que me chamou a atenção não foram as diferenças táticas entre os dois times, a partir dessa visão acabo por inocentar um pouco o Muriçoca. Sim, ele poderia ter entrado com um time mais ofensivo, para quem sabe participar da brincadeira, não foi o caso, mas o que mais me impressionou foi a apatia do time do Santos até aqui. Não é possível, são todos seres da mesma espécie, até mesmo o Messi! Fosse na pelada do Alto e eu estaria roco de tanto gritar para que os caras superassem o adversário correndo mais que eles. "Somos mais fracos? Somos! Então vamos lá tomar a bola deles toda hora, vamos chegar juntos. Com a bola nos pés daremos o nosso jeito, nem que esse jeito seja devolver a bola para o adversário. O Santos não faz isso, prefere tentar assistir ao show de Messi e sua Trupe. 

Começa o segundo tempo e as coisas parecem caminhar para o mesmo lugar. Vamos ver. Neymar acaba de perder um gol, o que no primeiro tempo só aconteceu aos 26 minutos. Quem sabe...

E a aula continuou...

Resta-nos saber se a aula imposta pelo Barcelona a todos os que assistiram o jogo, de dentro ou de fora do campo, gerará algum ensinamento. Temos também, não querendo desmerecer os professores, de entender que este time do Santos que apareceu no Japão não venceria nem o América Mineiro numa disputa valendo qualquer coisa. Escolas vencedores costumam mudar o andamento e o modo de ver o mundo em outras escolas. Até hoje culpam a Seleção Italiana de 82 pelo nascimento do Dunga. Será que o inverso também funciona? Creio que não. Este time do Barcelona é que de mais parecido à Seleção Holandesa de 1974 surgiu até o momento.

Fico extremamente preocupado. Já imaginaram o Luxemburgo assistindo a este jogo, ainda sonolento, virando para o lado, agora que o jogo terminou, e imaginando o meio campo do Fla jogando em 2012 do mesmo modo? Bola com Wellinton, que toca para William, que devolve para Aírton, deste para Renato Abreu... duvido que alguém consiga voltar a dormir com uma imagem dessas na cabeça - talvez o Luxa consiga.

Mas voltando ao lado bom do futebol...

As pretensões santistas caíram de quatro diante do furor magnífico deste Barcelona que não para de encantar a todo mundo. Preocupa-me ouvir que não se trata de uma safra, ou de um time esporádico, como acontece aqui no Brasil, mas sim de uma escola, de uma filosofia que pretende ficar por muito tempo nos gramados espanhóis ou não. 

Hoje, nenhum time brasileiro tem condições de encarar este time. Bom o Muricy retirar o que disse do Guardiola e cair na realidade de que se este Barcelona disputasse o Brasileiro o ganharia invicto, sem problemas maiores. Bom também que a Seleção do Ricardo Teixeira, do Mano Menezes, do Kleber Leite, do Andres Sanchez, jamais, em momento algum imagine-se jogando em amistoso contra este Barcelona, para que a torcida brasileira não venha a passar por mais um inesquecível vexame.

Viva o Barcelona, maior time do mundo! (sem contar com os maiores jogadores do mundo).