Numa bela manhã de um dia qualquer lá pelos idos dos anos 70 meu avô me contou uma piada na qual dois portuguêses assaltavam um banco, mais ou menos às 5 da matina. De repente um deles esbarrou num gigantesco botão vermelho e o som estridente de um alarme soou seguido de sirenes da polícia e do corre corre nervoso dos criminosos lusitanos. Na pressa para uma fuga bem-aventurada cada um pegou o primeiro saco, tipo de malote, que encontrou pela frente e fugiu, para não serem pegos juntos, cada um numa direção diferente. A fuga foi um êxito!
Cinco anos se passaram e os dois assaltantes durante esse período mantiveram um silêncio mórbido, ninguém ligou ou escreveu para ninguém. Mas este silêncio finalmente foi quebrado:
- Está!
- Manoel? - Sussurrou uma voz carregada do outro lado.
- Sim, é Manoel, quem, ora pois está a falar? - Gritou o interlocutor já sem paciência em sua segunda manifestação ao telefone.
- Sou eu, Joaquim!!! Não te lembras!?
- Joaquim!!!!! Ai é?!!
- Sim Manoel, ora e eu pensei que estivesses preso, ó pá!
- Nada!! Fugi, consegui livrar-me, mas fugi com um saco cheio de cheques sem fundo. O dinheiro deve ter ido todo contigo!
- Que nada ó gajo!! Meu saco estava cheio de boletas, esta semana pagarei o último lote.
Morri de rir quando meu avô, imitando um português legítimo (meu avô era português legítimo) terminou a piada. Anos depois, lá por volta de 1982, 83, meu pai, no meio de uma roda de amigos, contou a mesma piada, do mesmo heito que meu avô contara anos atrás. Ri como se tivesse ouvido a piada pela primeira vez.
Anos depois, muitos anos depois, contei essa mesma piada para o meu filho e rimos juntos, eu, ele e seus amigos.
Semana passada meu filho, já pai, resolveu tentar me fazer rir. Viu que eu estava triste, apreensivo. Ele me conhece, eu estava mesmo com a testa franzida. O Mengão estava tom,ando um banho do Fluminense e acabara de perder seu melhor jogador para o rival. Fiquei triste. Vendo isto meu filho me chamou num canto e mandou:
- Pai, dois portugueses resolveram assaltar um banco...
Eu o interrompi na hora, mudei o assunto rapidamente antes que um constrangimento ocorresse. Ele sacou e embarcou no novo assunto. Sabia que aquela piada não me faria mais sorrir. E essa pequena e longa história nos deixa uma moral para a reflexão. Não minha reflexão, mas da Diretoria do Flamengo.
Fazer contratações mirabolantes e "manchetistas" depois de derrocadas vergonhosas como foi a saída do Thiago Neves... Não me engabela mais. O Flamengo contratou a peso de ouro Vagner Love. Mas o problema maior do Flamengo não é com o seu número 9, mas sim como número 10. Ronaldinho Gaúcho parece cansado de jogar futebol ou, cansado de jogar e não receber por isso. Podem apostar que iremos jogar, seja com Luxemburgo ou outro qualquer, toda a responsabilidade de armação do meio campo do Fla nas costas e na conta de garotos como Camacho, Thomás, Adryan e Lucas. Lembrem-se que são garotos de uma geração de ouro do Fla, queimar essa turma... estarão queimando o futuro rubro-negro. Não estou achando graça e nem soltarei fogos por Vágner.