Preciosa Seleção Brasileira Preciosa

Brasil 0 x 0 Venezuela

Um peladão de quinta categoria marcou a estreia da Seleção Brasileira de Futebol na Copa América que está sendo realizada na Argentina. Não fosse por este fato, de se tratar de uma estreia, e eu nem estaria aqui expondo minhas ideias a respeito desse jogo. Até porque o Brasil pecou num ponto daqueles que eu abomino, o preciosismo.

O primeiro tempo foi marcado por jogadas bisonhas de jogadores que abusavam do preciosismo. Ganso, Neymar e Robinho pareciam dispostos a dar exibições do tipo limão no semáforo para alguém que os via da arquibancada. Toques de efeito, sem efeito. Preguiça na hora do deslocamento para dar condições de passe a um companheiro que estivesse de posse da bola, enfim, uma exibição de pura molecagem do pior tipo. Todo mundo gosta de ver o  virtuoso jogador brasileiro, mas não assim. Gostamos de ver o futebol bem jogado mais na vertical. Robinho teve Fred à sua sombra. Neymar não tem sombra. O que me preocupa é que Ganso tem Lucas à sua sombra e, Lucas pode sim, tomar a vaga de um sonolento Ganso no meio campo do Brasil. Ganso é para mim o melhor jogador brasileiro na atualidade, um gênio, mas não pode se influenciar pelo jeito Robinho/Neymar de se apresentar em partidas importantes. Esses dois jogadores são ótimos, mas de geniais não têm nada. São exímios dribladores mas que não possuem capacidade alguma de pensar um jogo. Por isso Ganso é importante, porque Lucas, muito bom, também não é de pensar nada. Não gostaria de ver Ganso saindo por conta do clamor público, mas no jogo de hoje ele mereceu sair.

Assim foi o primeiro tempo. Mas parece que Mano Menezes deu uma dura nos garotos no vestiário. A prova disso foi que o preciosismo deu um tempo no segundo tempo.

Sem as firulas e bolas desperdiçadas da primeira etapa, o Brasil voltou para o segundo tempo disposto a resolver a parada logo de início. O que a Seleção Canarinho não contava é que a Venezuela também voltaria mais disposta para a etapa final. Os espaços do primeiro tempo simplesmente sumiram e a Venezuela começou inclusive a ameaçar o Brasil com contra-ataques mais insinuantes. Proibidos de fazer firulas os jogadores brasileiros resolveram então abandonar padrões e táticas de ataque para partir cada um por si em direção ao gol venezuelano. O jogo então se transformou numa pelada, como fora no primeiro tempo, só que agora sem firulas.

Mano Menezes ainda não tem um time montado. No meu modo de ver, o time do primeiro tempo é o melhor que Mano pode escalar, todavia, este time precisa entender que veste uma camisa muito importante no cenário mundial do futebol. O que parece é que o jogador brasileiro da atualidade não sabe a importância de vestir a camisa da seleção Brasileira de Futebol. O jogador se acha mais importante que a própria instituição. Pode fazer uma entrevista inclinada com Neymar e Robinho que você acabará extraindo dos dois que eles estão ali para ajudar à Seleção Brasileira e não o contrário. O Ganso me parece um cara mais comedido e centrado, mas seu lado maria-vai-com-as-outras ainda pulsa. Mano terá trabalho. Seleções como a argentina, a paraguaia e a uruguaia não costumam perdoar esse tipo de comportamento. Muda Brasil!!!

Pequeno espaço para uma conclusão saudosista.

Sabem a que atribuo esse comportamento da Seleção Brasileira na primeira etapa, esse excesso de preciosismo? Ao fato de que no futebol atual a Seleção Brasileira é formada por jogadores muito novos. Esses meninos não têm comprometimento algum com a importância da instituição que defendem. É a molecagem, no bom sentido, em profusão. Acontece que esse comportamento pode prejudicar o conjunto do time. A maioria dos jogadores são muito novos.

Lembro que no passado vitorioso das Seleções Brasileiras, salvo as exceções, o jogador iniciava sua carreira com a amarelinha com 24, 25 anos. Você via surgir um garoto como o Careca no meio de jogadores como Zico e Sócrates. Imaginem o careca pegar a bola levar para o canto e chamar o adversário para uma firula improdutiva. Ele levaria tanto esporro que até a vontade de fazer a firula novamente sairia correndo de seu corpo. Na Seleção de hoje é Robinho quem passa maturidade para Neymar... No que pode dar isso? Em nada. Romário e Bebeto surgiram numa Seleção Brasileira que contava com Dunga e Mazinho no meio campo, mas o Zinho e o Raí. O cara tem aonde amparar seus vacilos e suas dúvidas. Neymar e Ganso não têm isso, pois a Seleção está sendo renovada sem a manutenção de muitos veteranos. Lucio deve estar se sentindo do mesmo jeito que me sinto quando me atrevo a jogar uma peladinha com meu filho de 20 anos e seus colegas de idade semelhante. Palhaçadas e firulas desnecessárias que irritam quem quer apenas ganhar a partida. Sinto pena do Lúcio e fico preocupado com o futuro desses meninos, consequentemente com o futuro da própria Seleção Brasileira, pois esses meninos são a seleção Brasileira de hoje.