sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Flaciência



Caríssimos ouvintes, boa tarde,

O que vaza de seu órgão pensador quando você lê o título desse post: Flaciência?
Claro, eu quero fazer você remeter este título à palavra paciência, mais precisamente à paciência que todo rubro-negro precisa ter neste momento tão estranho quanto turbulento. Sim, vivemos num momento estranho. O Atlético Mineiro com a melhor campanha dos pontos corridos... sabe lá o que significa isso? Não, claro que não sabe, por isso o momento é estranho. O campeonato é estranho e a tabela também. O Galo está no lugar errado, com uma campanha errada e com jogadores que carregam a obviedade nas expectativas que lhes cerca fazendo todo o necessário para que essas expectativas encaminhem-se para o ralo mais próximo. Exemplo? Ora, destaques da campanha do Atlético/MG: Ronaldinho Gaúcho e Jô. O primeiro passou como um foguete pelo clube de Maior Torcida do País e decepcionou essa Torcida deste o primeiro dia que pisou em seu território. Ronaldinho poderia ter usado a forma da Torcida do Flamengo para voltar à Seleção Brasileira, ser endeusado dentro do país, mandar e desmandar no Rio de Janeiro e sentir na pele o poder do retorno que essa Torcida poderia lhe emprestar. Mas Ronaldinho preferiu as piriguetes, a noite carioca, o bafo de pinga e o ódio de mais de 40 milhões de torcedores. Hoje Ronaldinho se não arrebenta do Galo, faz em terras mineiras o que o povo carioca já se contentaria em ver por aqui.  Jô... Não possuo dados precisos sobre a saída de Jô do Inter, mas trinta e seis jogos, seis gols apenas e duas ações de indisciplinas depois o centro-avante foi banido de Porto Alegre e aceito em Belo Horizonte onde se encaixou muito bem no esquema de Cuca e tem ajudado o Galo Mineiro nessa campanha tão incisiva quanto estranha. Estranha...
Pois é, não percamos o fio da meada. O estranhamento que tenho por esse 2012 inóspito, que não se realiza em si mesmo, um deserto que promete acabar com o mundo e até agora nada – há indícios de que acontecerá, o João Paulo Cunha e sua iminente prisão estão aí para não me deixar mentir – mas, esse estranhamento, mais precisamente alocado no universo do futebol e, ainda mais precisamente, no campeonato brasileiro, sugere que tenhamos uma boa vontade com o que acontece ao Flamengo.
Dorival Jr montou uma equipe diferente da de Joel Santana e diferente do Flamengo de Luxemburgo, isso é um fato. O Fla de Doriva joga muito melhor do que os times montados por seus dois antecessores.  Mas Dorival Jr ainda está buscando um Flamengo melhor, mais entrosado e coeso. Hoje o Flamengo tem uma defesa, um sistema defensivo mais arrumado, entretanto ataca como os comandados de Gerônimo. Vagner Love vem ao meio campo, combate e toma a bola... Baixa a cabeça e vai à área adversária devolver a esférica em domicílio. Thomaz se assemelha a Love, só que vem de trás carregando, carregando, carregando a bola até cair no chão, perdê-la e prostrar-se a reclamar por uma falta que normalmente não ocorreu. Negueba... Esse cara virará um verbo, a exemplo de Seedorf. Exemplos: O Fogão foi a São Paulo encarar o Tricolor Paulista de frente e, Seedorf mais uma vez. No caso do Negueba... “Pois é, o cara foi, tentou, disse que conseguiria facilmente e... Negueba. Ou seja, nada. Esse é o nosso Negueba, maior promessa dos campeões da Copinha de 2010. Penso que a manjada mudança de Dorival nos segundos tempos que sempre titã o Thomaz para colocar o Adryan poderia mudar um pouco; por que não colocar o Adryan no lugar do Negueba, fixar o Vagner Love mais à frente e jogar com dois meias ofensivos, mesmo que ambos sejam carregadores de bola? Os meninos gostam do “ 1, 2 “.
Mas, o Flamengo de Dorival Jr não é um Flamengo para 2012, e sim para 2013, já em seu início. Os torcedores e, principalmente, os próprios jogadores devem ter paciência. Devem aproveitar esse tempo para criarem o padrão de jogo do Mengão. O padrão é fundamental! O Flamengo que enfrentou o fraco time do Sport Recife não teve padrão ou, se teve, foi um padrão muito parecido com o de seu adversário quando enfrenta equipes em seus domínios, Sabem aquela história de enfrentar o Sport na Ilha do Retiro? Pois é, uma correria só. O Flamengo estava assim ontem. Correu, correu e não convenceu nem ao torcedor e muito menos ao seu adversário que, identificando a fraqueza do sistema ofensivo rubro-negro, em muitos momentos agrediu o Flamengo como se estivesse às margens do Capibaribe. Essa foi a tônica do jogo: eficiência sem eficácia. O Fla tinha a bola, atacava, mas não deve se lembrar de como fez e nem como faria se o jogo começasse novamente. O Fla ainda não sabe atacar. Eu disse “ainda”,  quer dizer, o Flamengo incorporará à sua maneira de jogar um padrão de ataque e disso eu tenho toda a certeza. Mas o Flamengo e seu treinador precisam de paciência. E aí vem uma visão diferenciada do Flamengo e que temos de levar em consideração. Quem conhece o Flamengo mais de perto, torce fervorosamente para o Mais Querido, possui uma Flaciência (ciência de Flamengo) sabe que os nervos rubro-negros pulsam mais forte que os demais. Esse e unicamente esse é o problema de Dorival Jr. Se o treinador do Flamengo tiver tempo e a diretoria mantiver esse elenco até o primeiro semestre de 2013, certamente a Maior Torcida do Mundo terá motivos de sobras para sorrir no ano vindouro (sim, estou gastando).

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