Sonhos realizados, sonhos desfeitos

O sonho do Sr Ivo se realizou, o sonho de um amigo meu, rubro-negro que adora secar o Fluzão, se realizou,  e o sonho de um outro amigo meu, Tricolor dos bons, se desfez, assim como o sonho de toda uma Torcida... O Fluminense foi eliminado da Libertadores da América em pleno Engenhão lotado - de argentinos. Agora entendo porque Arraial do Cabo está tão vazia. 

O Sr Ivo, pai do jogador Thiago Carleto, sonhou ontem que seu filho faria um gol no Boca Junior, e não é que o garoto foi lá e fez mesmo! Em entrevista no intervalo o jogador Tricolor disse que mirou aqui, tentou tirar dali, e bateu acolá, na verdade se a bola não bate na barreira seria defendida em maiores problemas, mas o jogador não aprende. Humildade meu filho.

Era o gol que o Fluzão passou a semana toda pedindo a Deus, sonhando, e foi mais um sonho realizado. O Boca Jr sentiu o gol. Seus jogadores demoraram um tempo inteiro para assimilar o golpe que mudaria sua postura em campo. Riquelme não se encontrava e não se encontrando não encontrou os jogadores do ataque platino em condições de marcar. O Fluminense deveria ter forçado mais a partida nesta primeira etapa, mas o Flu jogou o tempo inteiro ressabiado. E o primeiro tempo terminou como começou,  1 x 0 para os Tricolores.

Um amigo meu, rubro-negro secador 10.000 volts, rubro-negro, claro, sonhou a semana inteira que o Tricolor das Laranjeiras seria eliminado pelo Boca, em pleno Engenhão, com um gol aos 45 minutos do segundo tempo - ele preferia que fosse de mão ou em impedimento, mas nem, todo o sonho vem, realizado de forma completa.

A segunda etapa começou diferente, totalmente diferente da primeira. Alguém chamou o Boca às falas e o Boca atendeu. Riquelme encarnou-se de azul e amarelo e passou a comandar as ações no meio campo. O Boca não ameaçou o gol de Diego Cavallieri logo de imediato, mas esse é o Boca Jr jogando fora de casa, sempre na base da dissimulação. O Fluminense foi caindo aos poucos. Perdia uma chance aqui, outra ali e não se dava conta de que o resultado não interessava. Essa sensação foi se transformando e o Fluminense começou a gostar do empatezinho como se fosse ter a noite inteira para transformar o jogo em seu favor. Abel parecia assistir a partida como um pajé que já havia tentado de tudo para salvar o doente. Quando se deu conta que o jogo poderia mudar com suas mexidas, resolveu fazê-las. Demorou muito a colocar Wellinton Nem em campo e quando o fez de nada adiantou. Estava prestes a colocar, aos 42 minutos, uma jovem PROMESSA no lugar de um exímio batedor de pênaltis, mas quis o destino que ninguém reparasse nessa insanidade, pois Riquelme finalmente se achou.  Riquelme, em lance genial, achou Sánchez. Sánchez achou a trave Tricolor. Cavallieri achou a bola num primeiro momento, mas no segundo segundo El Tanque fuzilou o sonho de toda uma Torcida e de meu amigo Tricolor, dos bons. 

Sonhos portenhos realizados e o Fluminense eliminado pelo Boca Juniors em pleno Engenhão, em casa, ao lado de sua Torcida, que sonhava, sonhava e agora tem que acordar, no final de semana tem jogo.