sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Um inexplicável Fluminense



Fico com enorme receio de escrever sobre o Fluminense e sua impressionante campanha neste Brasileiro. Brasileiro este que possuía enorme vocação para ser equilibrado o tempo inteiro mas, que de equilibrado  teve mesmo pouco tempo, muito pouco tempo. Na maior parte do campeonato o Fluminense fez como faz em seus jogos: bola aos incompetentes. Você é o Flamengo?  - “Sim.”. Então não saberá o que fazer com ela, a bola,  a qualquer momento irei a sua área e farei o meu gol. Você é o Galo Mineiro? – “Sim, sou  e estou com a casa cheia para te enfrentar.”. Tudo bem Galo Mineiro, dê a alegria que seu povo pagou para receber, não precisarei vencê-lo para alegrar os meus. Você é o Coxa Branca? – “É o que dizem.”. Bem, sendo assim deixe-me te meter um gol logo que é para você saber onde você está e contra quem está jogando. Assim foi o Fluminense na tabela o tempo inteiro. Primeiro, segundo, terceiro... Não sei ao certo se o Fluzão desceu ao quarto. Mas tenho receios de falar deste Fluminense tão senhor de si. Torci para um time assim num tempo atrás... Sim, era o time que à época representava o meu Clube do Coração – todos sabem por aqui que clube é este. Talvez os daltônicos não... – mas tenho as sensações daquele time, daqueles tempos, vivas em minhas melhores lembranças.
A partir daquele tempo, além das alegres sensações de invariavelmente estar indo ao estádio para assistir a mais uma vitória, juntou-se a elas uma sensação estranha; uma sensação que precisei entender, além, é claro, de senti-la. Era uma sensação que talvez represente a Era Jurássica em todo coração rubro-negro daquilo que os torcedores dos demais Clubes chamam de “marra flamenguista”.  Era a sensação de ter a nítida impressão de que os demais torcedores não entenderiam, mesmo que se esforçassem, o que era ser rubro-negro, torcedor do Flamengo na essência, no âmago de lágrimas e sorrisos, ou de sorrisos com lágrimas. Não pretendo entender o Fluminense de hoje a partir de minhas sensações de outrora. Quero usar dessas sensações justamente para justificar o meu não-entendimento do que acontece ao time e ao coração Tricolor de hoje. Quero embasar meus receios.

Assisti a pedaços de alguns dos jogos mais recentes do Fluminense no Brasileiro e percebi que o jogador Tricolor sabe exatamente o que significa a Camisa que ele enverga. Desde o Gum até o Deco, todos parecem ter a Camisa do Fluzão como uma extensão de suas peles, melhor, de suas almas. Confiantes, eles simplesmente se colocam diante de seus adversários e expressam essa sensação. 
Não quero aqui explicar o jogo em si. Não sou comentarista profissional e duvido muito que os comentaristas profissionais que não meteram os pezinho numa bola possam manifestar a sensação que estou sentindo neste momento e entenderem o que se passa no coração de cada jogador do time de Abel Braga – duvido!  O Fluminense entrou no 4-4-2, passou a atacar num 3-5-2...” Balela! Tudo isso é enfeite para dizer aos outros aquilo que simplesmente não entendem. Assim, alguns comentaristas esportivos - a maioria, os que não jogaram – explicam o Tricolor que ganhará este Brasileiro com os pés nas costas. Este Fluminense não se explica a quem não é Tricolor, e jamais poderá ser explicado por quem não sente o que acontece ao Torcedor do Fluminense 

As palavras acima são tentativas de demonstrar o que você, que não é Torcedor do Fluminense, não conseguirá entender. São apenas tentativas. Deixo claro mais uma vez: tentativas frustradas. Frustradas não, pois não carregam minha pretensão, mas sim meu reconhecimento. Tentativas vãs. Não se pode explicar a dor. Este Fluminense deve doer em cada Coração Tricolor como dói a própria vida. Já disseram que viver na intensidade é doer-se, é sentir o sangrar e o alívio se alternando enquanto sensações. Olho as arquibancadas em verde, vermelho e branco e vejo os sorrisos sucedendo ao arregalar de olhos intensos, em olhares tensos, em alegria intensa, em vida, em dor... É lindo demais! Inveja? Não, saudades.  O Fluminense de hoje não se explica, se sente e, para sentir o Fluminense você precisará ser Torcedor do Tricolor. Terá  obrigatoriamente de trazer consigo todas as outras sensações que não esta, a de ir ao estádio para ver o quanto, de quanto, contra quem. Terá de carregar seu passado junto a alma. O Fluminense de hoje é isso. Os jogadores e sua confiança nos passam isso durante as partidas. Uma confiança “quase-marra” que acaba invadindo o coração e saindo pela boca e dedos dos seus Torcedores que hoje são, sem dúvida alguma, os mais felizes do país. Parabéns a você Tricolor. Tudo terminará bem, não se preocupe, mas vá ver de perto.

Só torço aqui, de coração sincero, para que essa "quase-marra" se transforme logo em felizes  saudades.

2 comentários:

Alan disse...

Texto lindo, visão... Parabéns... rs.

Ontem quando saiu o gol do Ctba eu desliguei a TV e esperei o aviso do término do jogo. Vou fazer 35 anos esses dias e já não tenho o coração forte de antes... rs.

Ainda falta... Pés no chão... rs. Penso no SP e sem nenhuma vergonha digo, torço pelo Flamengo quarta feira... rs

Visão Desconexa disse...

Alan, Alan...

Tricolor e meu amigo. Mas, jogo a modéstia para o lado a fim de agradecer aos seus elogios.

abraços!!