terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Niterói, cidade desarranjada.

Domingo... Chuva na janela, aquele friozinho gostoso debaixo da coberta... já estava dando no saco. O que fazer? Um cineminha, claro!! Claro o quê cara-pálida!?  Fui assistir a um Western, um filmes que normalmente conta com "mocinhos" e índios. Mas nesse meu programa, de índio mesmo, só o próprio, o programa. Se você mora em Niterói, ir ao cinema, independentemente do gênero do seu filme escolhido, será certamente um Programa de Índio numa misturada de terror e aventura.

Não foi a primeira vez. Na primeira ocasião na qual me dei conta de onde morava, conta esta dada pelo aspecto negativo que não remete diretamente à violência, me deparei com a impossibilidade de assistir a um filme que já estava em sua segunda semana de exibição. 007 e seu Skyfall tiveram de esperar pelo dia seguinte à minha primeira tentativa de assisti-los.
Natal? Páscoa? Dia das Mães? Nada disso. Era apenas um dia de chuva em Nicthy City. O que há para fazer num dia de chuva em Niterói? Nada, nada, nada , naaadaaaa! Apenas ir ao cinema. Essa foi a impressão, pois toda Niterói estava no Plaza Shopping (o maior da cidade) naquela noite. Depois dos minutos perdidos procurando vaga "uma hora aqui, outra ali", cheguei à fila do cinema. Estava eu no quilômetro 13 mais ou menos, quando uma voz doce de taquara rachada anunciou o término da venda dos ingressos para assistir ao meu amigo Bond, James Bond. Faltavam umas duas sessões por começar ainda. Um absurdo! Um absurdo. Paguei meus R$ 8:00 (OITO REAIS POR MENOS DE UMA HORA DE ESTACIONAMENTO!!!) e me dirigi à garagem para entrar no carro e partir de volta à residência. Chovia muito. No estacionamento, alagado, percebi que demoraria muito mais do que os quinze minutos de tolerância que o ticket me concedia para fazer o trajeto da boca-do-caixa até o meio da rua. "Dei sorte", levei apenas catorze minutos.
No último final de semana o filme era do Tarantino. Ah como eu queria o Quentin e sua mania de sangue por perto!!! Foi no sábado. A mesma coisa, o mesmo quadro. Chuva, shopping lotado e a mesma voz de taquara rachada avisando que os ingressos para as próximas duas sessões não existiam mais. Que ódio!!! Xingando meio mundo, melhor, meio Niterói, voltei para casa sem ver o filme que outrora eu veria tranquilamente, em uma das duas sessões que ainda aconteceriam. Lembrando que se tratava da segunda semana de exibição de um filme que nem "abalar bangu" abalara em sua estréia. Paciência. Paciência e consciência.

Consciência de que estão acabando com a cidade de Niterói à passos largos. Não cabem tantas pessoas em Niterói como imaginam o desrespeito, o descaso, a ganância e a tolerância de prefeitos, secretários, empreiteiros e especuladores imobiliários. Não há espaço, não há estudo e muito menos planejamento. Niterói explodirá. Logo Niterói, que tinha a melhor vocação para ser Rio de Janeiro está se transformando numa São Paulo pequena e inchada.
Quem passeia por Icaraí tem de contar em quais ruas não se deparará com uma obra que logo, logo, se transformará num espigão cheio de gente, carros e tormenta. Chegaram a criar seis pistas numa Roberto Silveira (rua de Icaraí) que deságua em apenas duas na Marquês do Paraná que, já divide suas pistas com uma obra que encontrou uma pedreira, que encontrou um lençol freático, que encontrou com o absurdo de ser iniciada nessas condições.
Se você não mora em Niterói amigo, não vá para lá. Aquela qualidade de vida decantada em algum ano feliz perdido no tempo não existe mais.
Não cabem mais pessoas nas ruas, nos shoppings, nos cinemas, nos estacionamentos, nos morros, na violência urbana, na ponte, na ida, na volta, enfim, Niterói encheu!














2 comentários:

orlani junior disse...

Cara,

Estive aí em novembro para ir ao casamento de meu amigo Fúlvio. A cidade está caótica, completamente mudada: trânsito infernal, levei da Gavião Peixoto ao Largo da Batalha apenas 1h30min, no horário das 18h. Incrível! E a mão da Roberto Silveira desaguando na Marquês de Paraná? Sem falar na feiura da cidade com tantas obras. Infelizmente hoje não tenho a menor vontade de voltar a terrinha. Uma pena!
E pensar que estou numa cidade - Campinas - que é três vezes o tamanho de Niterói e não tem esses problemas... Não é maravilhosa, não tem atrativos naturais iguais aí, mas a qualidade de vida é muito boa e isso já está de bom tamanho.

SRN

Visão Desconexa disse...

Fala meu amigo!!

Rapaz, fico muito triste, pois basta um passeio em qualquer canto da cidade, outrora deliciosa província, para você perceber, além do aglomerado de gente barulhenta, que são pessoas que não viveram na cidade, não possuem aquele carinho quase doentio que todo papa-goiaba tem por sua terra. Um bando de patricinhas e mauricinhos te deixando aquela sensação de invasão de seu quintal. Uma coisa horrível e, pasme, a maioria dos novos empreendimentos imobiliários ainda não foi inaugurada. Vem mais gente aí. Sem contar, óbvio, com a vinda indesejada daqueles que correm das pacificações cariocas. Estão acabando com Niterói e a coisa se não é pensada é negligenciada.

grande abraço!!