sábado, 15 de outubro de 2011

Um Fla Flu diferente

Assisto neste momento ao replay do último Fla x Flu. Não sei se por conta da ausência da tensão sempre peculiar a este jogo, seja ele uma pelada ou um jogão - sim, porque um Fla Flu dificilmente deixa de ser um Fla Flu, independentemente do grau de qualidade da partida - mas, não sei se por causa da calmaria provocada pelo conhecimento do final do filme, este Fla Flu vai ganhando ao mesmo tempo em que se desenrola um ar e uma visão totalmente diferente daquela do último Domingo, quando o jogo foi realmente realizado.

Acabei de ver o primeiro tempo. Um tempo aparentemente dominado pelo Tricolor, mas que não foi bem assim. Um tempo que não teve características de um verdadeiro Fla Flu, mas que não foi bem assim, um tempo de atuações individuais bisonhas mas, acreditem, que não foi bem assim. Enfim, um "assim" que difou da semana passada, mas que não foi bem assim. 

Exemplos não faltam em todos os segmentos da partida, deste tempo (enquanto escrevo assisto o segundo tempo) tão ruim no primeiro instante do pensamento. Wellinton... Esse cara jogou demais no primeiro tempo. Tranquilo, marcou o ataque Tricolor com maestria. exceção feita ao lance em que Rafael Moura perdeu um gol inacreditável, entre os zagueiros do Fla, Wellinton esteve sereno e atento, não deu um vacilo sequer.
Taticamente falando - e aqui eu peço desculpas ao fraco treinador do Flamengo - o time esteve de razoável para bom, muito mais perto do bom. Marcou o Fluminense, desarmou o meio campo e jogou futebol também. O Flamengo alternava saídas de bola pela esquerda, pela direita e muitas vezes pelo meio. Muralha jogou como gente grande - e aí eu não entendo sua barração diante do Palmeiras. Muralha deu ao Flamengo a opção de saída pelo meio do campo. Uma saída de qualidade pelo meio bagunça com a defesa adversária que precisa ficar atenta ao segundo instante dessa saída que pode lançar-se ao ataque pela esquerda, mas também pode fazer o mesmo pela direita. 
Minha atenções não estava voltadas para o Fluminense até porque não tenho material em minha mente para fazer comparações da atuação do Flu diante do Fla como tenho do contrário.
O Flamengo jogou um partidaço na primeira etapa. Uma atuação chamada à existência claro, provocada pela excelente atuação do Fluminense que até pareceu a todos ser muito superior ,ao Fla na primeira etapa. Foi um jogão.

Neste instante o Fluminense faz seu gol. Ainda assisto o tape

O segundo tempo começou e trouxe uma impressão diferente, porque as atuações foram diferentes. Eu sei porquê. A tensão dentro do campo subiu a patamares altíssimos e o estudo do adversário, e a colocação em prática daquilo que obviamente foi treinado deu lugar a garra e a vontade exacerbada de vencer. Fluminense e Flamengo, talvez motivados pelas palestras de seus treinadores motivadores tiraram as facas dos dentes e as colocaram em suas mãos. A tática deu lugar a vontade. O Flamengo se desarrumou e o Fluminense apertou até que seu gol saiu. Negueba e Bottinelli entraram e percebo o Flamengo mudando aos poucos. 
Ainda consigo observar atuações individuais o que certamente não consegui fazer no transcorrer da partida enquanto seu ineditismo ia dando lugar as próximas jogadas.  Gol do Flamengo!!
Após o gol o Fluminense recuou. Por quê!?! Por que os times tendem ao recuo quando fazem um gol, deixando de aproveitar o desequilíbrio de seu adversário para inclusive fazer outros gols? O Fluminense recuou e acaba de pagar por isso.
Percebo, sem um pingo de emoção, que o Flamengo continua atacando de maneira ordenada, ao contrário da primeira impressão e, o Fluminense se defende da mesma forma, ordenadamente esperando a oportunidade de um contra-ataque. Percebi apenas gora que Jael também está em campo. Ou seja, Deivid não estava tão mal assim, ou jael não foi tão bem. Vejo, aos 26 minutos, que o Fluminense tenta reassumir aquele fiapo de domínio que teve na primeira etapa. Thiago Neves chuta para excelente defesa de Cavallieri. O vigésimo sexto minuto se foi.
Os aspectos tensos emocionais da partida lhe roubam o cenário tático. Já é um Fla Flu como a emoção gosta de ver. Tivemos sim, um Fla Flu no primeiro tempo, mas não como este de agora. Marquinhos perde gol feito ao chutar a bola nas costas de Wellinton. Olha o zagueiro salvando o Fla sem que ninguém tenha se dado conta disso. Diguinho, de costela quebrada, deixa o campo e Souza entre em seu lugar. Junto entra Lanzinni. O jogo não tem dono, um Fla Flu.
Gol do Flu!! Lanzinni!
O Fluminense apertava àquela altura e o Flamengo jogava contra-atacando. Mas agora o Flamengo parecia desgovernado em sua intenção de contra-atacar o Fluminense. Lanzinni cabeceou sozinho no meio de uma zaga que jogava muito bem.  Pirulito tinha acabado de desarmar Rafael Moura com categoria.
Negueba está jogado e abandonado na direita. Além de não produzir nada, Negueba ali inibe as possíveis subidas de Leo Moura. Paulo César Vasconcellos do Sportv diz que o Fluzão vence com justiça e merece a então terceira posição na tabela. O Fluminense recuou novamente. Rapidamente a emoção faz o Fla perceber isso e se lançar à frente. Claro, está perdendo. Mas o ímpeto Tricolor arrefeceu. O jogo é jogado no campo do Fluminense. O comentarista pixa o Mengão. Uma falta perto da área... Bottinelli pega a bola e lança mal na ponta direita. Vai entender o destino. essa estava mais perto do que a falta que está por vir. Diz o comentarista que o Fluminense não tem medo de ser feliz. Falta de Lanzinni em Muralha. Quero ver onde o comentarista vai enfiar seus comentários. 
Gol de Bottinelli. Bola no bumbum do goleiro. O comentarista engole seco. O Fluzão vem pra cima. Contra-ataque de cinco contra três e Negueba tenta bola de calcanhar... O jogo está igual novamente. Muralha joga fácil  Bottinelli!!!! O narrador Tricolor é obrigado a berrar novamente. Flamengo 3 x 2. Abel expulso.

Este post surge aqui apenas para mostrar que várias visões de um mesmo jogo podem surgir, bastando para isso você observar este mesmo jogo sob prismas diferentes. Sem emoção acabei por gostar do Flamengo muito mais no primeiro tempo do que no segundo. Dá para entender?
O Flamengo de Luxemburgo, que tanto chamo de desorganizado, foi, ao contrário, organizado e coeso em suas intenções no primeiro tempo. Atuação que não repetiu num segundo tempo que teve dois momentos. Um onde o Fluminense enquadrou o Flamengo, que se mostrou inferior taticamente ao seu adversário e um outro, onde a emoção suplantou as organizações e onde o Flamengo de Bottinelli foi mais feliz que o Tricolor. Foi um jogão, tanto neste sábado como no domingo passado. 

Poderia fazer este mesmo exercício no Flamengo e Palmeiras de quarta-feira, mas prefiro não arriscar, estou sem estômago.

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